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Evangelização urbana nos moldes de Jesus – Junho/2004

Um dos fatores determinantes no processo
de crescimento de uma igreja
é o tipo de evangelização por ela realizado.
Evangelização é o ato, é a ação
de comunicar o evangelho.

Um autor afirmou: “evangelizar é um mendigo
dizer a outro mendigo onde conseguir alimento”.
Segundo os entendidos, “nunca, em dois mil anos,
foi tão fácil evangelizar. Nunca foi tão fácil
levar pessoas à conversão e à fé cristã.
Porém, a igreja precisa usar
a metodologia adequada”.

Os missiólogos afirmam que não pode haver nenhum esquema uniforme de evangelização. O que está dando certo em uma determinada igreja não quer dizer que dará certo noutra. Assim, pode-se dizer que o trabalho de evangelização urbana executado pela igreja nunca será ou estará completo. Nesse sentido, haverá sempre necessidade de descobrir as realidades desconhecidas e repensar os métodos, técnicas e estratégias utilizadas nesse processo.

O cenário urbano registrado pelo evangelista João é um protótipo ou um modelo de evangelização urbana que funciona. Jesus havia deixado a Judeia, ao Sul, e seguido para a Galileia, ao Norte, quando sentiu que era necessário passar por Samaria, cidade que ficava entre as duas regiões, v. 4. Ao meio-dia, junto ao poço de Jacó, na cidade de Sicar, travou um longo diálogo com uma mulher samaritana que viera buscar água. E como resultado de sua estada nesse lugar, muitas pessoas foram ter com ele, para ouvir a palavra de Deus, v. 30.

O evangelismo pessoal aplicado por Jesus foi dinâmico e transformador. A pecadora de Samaria ficou convencida de seus pecados e tornou-se uma testemunha de Jesus. Dentre os diversos aspectos bíblico-dogmáticos vistos neste texto na atitude evangelizadora nos moldes de Jesus, destacaremos alguns deles.

Práxis da necessidade – v. 4

O texto diz que “era-lhe necessário passar por Samaria”. Está evidente que ele foi movido por uma intuição própria. Quer dizer: ninguém lhe disse nada, mas a página da história de uma mulher seria escrita a partir do momento em que ele pressentiu que era necessário fazer essa traje-tória, ainda que a rota normal dos judeus fosse dar a volta, seguindo o vale do Rio Jordão para o Norte, até a Galileia.

Podemos chamar este fato de práxis da necessidade ou da compaixão. Mas o que é práxis? Seria a “ação criativa e transformadora do povo de Deus na história, acompanhada de um processo profético e da reflexão crítica que objetiva tornar a obediência cristã ainda mais efetiva”. Em outras palavras, é ação da igreja em atenção à necessidade alheia – especial-mente do pecador.

A Bíblia ensina que Jesus andou na práxis da compaixão e do amor. Ele sentia a necessidade do povo. A história de muita gente foi escrita por suas atitudes criativas e práticas. Certa ocasião ele olhou para uma multidão e sentiu grande compaixão por ela: “E Jesus, saindo, viu uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos”, Mt 14: 14. Se a igreja quer que sua evangelização urbana seja autêntica e transformadora, Jesus dá a receita: “Te-nho compaixão desta gente”, Mt 15: 32. Sim, não há como evangelizar sem sentir que é necessário passar pelas samarias atuais. Este pré-requisito leva a igreja a perceber que a história de milhares de pessoas que vivem sem Jesus precisa ser mudada.

Mudança de paradigma – v. 9

Judeus e samaritanos não se falavam em hipótese alguma. Era uma rixa antiga. “Os judeus chegavam ao extremo de desencorajar a tentativa de fazer prosélitos dentre os samaritanos […]”. O pedido de Jesus: “dá-me de beber”, deve ter sido considerado pela mulher como uma atitude tolerante, pois, de imediato, ela respondeu: “Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana”. Tanto é que a conversa delongou e o plano de salvação foi exposto por Jesus.

No entanto, esse incidente contrariava o comportamento judeu-samaritano (porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos), vv. 7 e 9. Na verdade, o comportamento ético-cristão de Jesus fala claramente de mudança ou alteração de paradigma. Uma cena desta hoje seria, provavelmente, manchete de capa de revista ou jornal. Ou, na perspectiva religioso-evangélica, mereceria disciplina ou castigo. Porém, o interessante para Jesus não era manter a tradição de uma religião, mas cumprir com a missão de seu Pai e favorecer ao Reino de Deus, Lc 19: 10.

O paradigma “explica como é o mundo e nos ajuda a predizer seu comportamento. É a forma como você percebe esse mundo. Por exemplo: ele está para você da mesma forma como a água está para o peixe. O peixe não sabe que está dentro dela até que o tirem para fora”. Isto se aplica à vida cristã. Às vezes, diga-se de passagem, certos conceitos dependem do paradigma. A maneira como se interpreta uma situação é, às vezes, relativa e pode ser até mesmo, individualista. Porém, Jesus foi além das circunstâncias do relativismo ou individualismo. Ele precisava passar por Samaria, para evangelizar uma pecadora.

Contexto urbano – v. 18

O contexto diz respeito à cultura – aos valores, ideias e sentimentos – de um determinado povo. Também diz respeito às classes sociais, à religião ou religiões. O contexto revela quais são as características que são próprias de uma determinada cidade. Isto ensina que evangelização e contexto precisam andar de mãos dadas. Então, para se usar um determinado tipo de técnica ou método na evangelização é preciso conhecer o contexto, o ambiente em que se vai trabalhar.

Neste caso, Jesus conhecia o contexto da cidade de Sicar. Ele conhecia o modo de vida desse povo. Foi em razão disso que em sua conversa com a Samaritana, ele quer usar o método indutivo, ou seja, ele começou a conversação partindo do particular para o geral – do problema pessoal para a solução. Os argumentos usados por ele foram tão convincentes que a mulher abriu-lhe o coração: “vai, chama o teu marido e vem cá. A mulher respondeu: não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: Não tenho marido, porque tiveste cinco e o que tens agora não é o teu marido”, vv. 18 e 19.

A igreja precisa conhecer o contexto urbano ou onde se localiza. Saber quais os tipos de pessoas existentes na cidade. Quais as suas preferências e necessidades básicas. Identificar os focos de convergência da juventude, pois “Deus chama a igreja para o seu contexto particular, como um instrumento da sua graça e salvação, desenvolvendo e realizando a missão como um processo criativo e transformador”.

Por fim, vale dizer que a evangelização urbana da igreja nos moldes de Jesus não tem nada a ver com a inovação e comprometimento com os padrões de uma sociedade, mas, simplesmente, com a integridade e contextualização de sua mensagem no cumprimento de sua missão cristã, Mc 16: 15.

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Fonte: Jornal Aleluia, junho de 2004

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