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Síndrome de Constantino. Uma abordagem sobre o nominalismo no século XXI – Maio/2012

Viver a vida cristã sempre foi um grande desafio.
Mas o prazer da comunhão com Cristo supera qualquer vento contrário. Todo cristão engajado com os princípios apostólicos tem satisfação em congregar, bem como em externar sua fé.

O mundo contemporâneo está vivendo uma época de grandes mobilidades. No que se refere à espiritualidade brasileira, hoje nascem tantas manifestações religiosas que nos surpreendem pela sua criatividade de nomes e de filosofias “pseudo-teológicas”. O aumento dessa pluralidade religiosa, entre outras coisas, tem produzido o aumento do retrato sócio-espiritual que é o aumento de cristãos evangélicos nominais, ao que podemos denominar de “síndrome de Constantino”.

Por que síndrome?

Síndrome significa a reunião de alguns sintomas ou comportamentos que caracterizam uma patologia não específica e sem causa determinada. Dados da revista Isto É, citando o IBGE, aponta que: os “evangélicos de origem que não mantêm vínculos com a crença saltaram, em seis anos, de insignificantes 0,7% para 2,9%”. Em números absolutos são quatro milhões de brasileiros a mais nessa condição.

O espírito de nominalismo vem de longe e tem como seu precursor o imperador Constantino que, segundo Gene Edwards, qualifica o Imperador Constantino como o primeiro cristão medieval: “noventa por cento cristão de nome e noventa por cento pagão de pensamento”.

Cristão nominal

O termo “cristão nominal” é usado para qualificar o indivíduo que professa uma determinada fé sem, contudo, ser praticante. Esta expressão foi utilizada pela primeira vez por William Wilberforce (1759-1833). Winston Churchill, citando Wilberforce, dizia que esse líder do movimento abolicionista do tráfico negreiro fora um cristão crítico, que rejeitava o cristianismo acomodado. Wilberforce dizia: “que não bastava professar o Cristianismo, levar uma vida decente e ir à Igreja aos domingos, mas que o Cristianismo atravessa cada aspecto, cada canto da vida cristã”.

Sua abordagem do Cristianismo era essencialmente prática. Dentro da visão de Wilberforce “os interesses do cristão nominal concentram-se nas coisas temporais; os interesses do cristão autêntico concentram-se em coisas eternas. O dicionário catequético da Igreja Presbiteriana do Brasil descreve “cristão nominal” como aqueles que usam a igreja para “um ponto de encontro para rever os amigos, parentes e para ter uma “terapia espiritual”, sem, contudo, ter “o novo nascimento”.

Já o Congresso Internacional de Evangelização, Lausanne, 1974, define como cristão “nominal” aquele que “se intitula cristão, mas não tem um relacionamento autêntico com Cristo com base na fé pessoal.”

Perfil do cristão nominal

Nesse Congresso de Lousanne foi levantado o perfil do cristão nominal:

Perfil do cristão nominal

1) Frequenta a igreja, sem relacionamento pessoal com Cristo.

2) Vai à igreja, mas por motivos culturais e não espirituais.

3) Frequenta a igreja, mas só nas festividades e cerimônias especiais.

4) Há o que não frequenta a igreja nem é membro dela, mas se considera verdadeiro cristão.

Verdades que os cristãos nominais devem saber:

1) Devemos “mostrar” que a verdadeira espiritualidade é evidenciada na prática diária. Tiago 1: 27: “A religião pura e imaculada com nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições, e guardar-se incontaminado do mundo”.

Quando Tiago escreve a respeito do cuidado com órfãos e viúvas, ele tem em mente evidenciar que a vida cristã tem seu lado prático. Pois fé e obras (a prática) caminham juntas e são indeléveis. Tiago declara que a espiritualidade saudável é acompanhada de uma vida prática, e todo cristão autêntico se esforça para viver as ensinanças do evangelho em seu cotidiano.

2) Devemos “conscientizá-los” de que uma vida cristã plena redunda em bem-estar espiritual. Tiago 1: 25: “…aquele, porém que atenta bem para lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será BEM-AVENTURADO NO QUE REALIZAR”.

Um dos maiores prazeres que o cristão pode ter é viver as bênçãos contidas na Palavra, e isso só é possível quando nos entregamos cabalmente à vontade de Deus. O evangélico que oferta apenas porções de sua vida terá dificuldade em desfrutar dessa riqueza, pois a vida cristã se torna impraticável quando vivida pela metade.

3) Devemos mostrar que o evangelho é vivo. Hb 4:12: “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz,e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

Como líderes, devemos nos esforçar para mostrar aos cristãos nominais que a Palavra de Deus é viva, Deus é dinâmico e pode aquecer a vida descompromissada de qualquer pessoa.

4) Devemos “levá-los” a uma experiência impactante. At 9: 3: “Aproximando-se ele de Damasco, na sua viagem, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu”. 1Cor 4:20: “Pois o reino de Deus, não consiste em palavras, mas em poder”.

O cristão nominal muitas vezes é perito em repetir textos bíblicos, porém como ministros da Palavra é de vital importância que sejamos um canal de Deus levando-os a uma experiência com Deus.

O apóstolo Paulo era doutor da lei judaica, porém só experimentou uma mudança radical quando teve um impactante encontro com Cristo, segundo o adágio popular: “contra fatos não há argumentos”. Algumas ferramentas podem ser utilizadas como campanhas de oração, retiros espirituais, busca de plenitude do Espírito Santo entre outras, mas o essencial é um real encontro com Cristo, pessoal e marcante.

5) Devemos tratá-los com medida intervenções de longo prazo. Rm 10: 17: “De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.”

É necessário que o líder e a igreja tenham paciência pois é um tratamento de longo prazo.O cristão nominal é um ser dotado de fé, pois ainda esta no meio da congregação, porém o que lhe falta é o engajamento com os valores do reino, saindo de um anonimato insípido e cinzento para uma vida de pratica e rica no âmbito espiritual.

Mudanças no âmbito psico-espiritual muitas vezes levam tempo. E, para não haver frustração pessoal, é necessário que o líder não desanime em seu ministério de ensino e de cuidado pastoral.

Caros amigos e colegas! Este tema tem sido recorrente no decorrer dos anos, e nós, na missão de porta-vozes, não podemos nos esquecer que, se há pessoas descompromissadas, por outro lado há muitos que são engajados e que se esforçam por viver os valores do reino. Precisamos estar ao seu lado.

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Maio de 2012.

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