“E, entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2: 11).
Ainda estão vivas em nossa memória as lembranças das festividades natalinas do tempo da Igreja Presbiteriana Independente Renovada, hoje, Igreja Presbiteriana Renovada de Teófilo Otoni, MG. Não há como nos esquecer desses dias e das professoras das crianças e dos adolescentes – a Zili, a Gracinha, a Rusa e outras, responsáveis pelos preparativos e ensaios das comemorações natalinas. Era tudo muito bonito, atraente, pedagógico e no capricho!
As encenações alusivas ao Natal eram bíblicas e aplicativas. Comemorava-se o Natal deste ano já pensando no Natal do ano seguinte. Como demorava para chegar o dia 25 de dezembro! Era grande a ansiedade para que esse dia chegasse. Contávamos nos dedos os meses, semanas e dias. Eram semanas e mais semanas de ensaios para as apresentações natalino-cristãs. Era tudo muito bem preparado, pois o objetivo era apresentar o verdadeiro e bíblico sentido do Natal.
Os anos se passaram e os natais ficaram para trás, mas as cenas ainda são nítidas em nossa mente. Engraçado que, quando criança, demorava uma eternidade de um Natal para o outro. Hoje, passa tudo rapidamente! Até parece que foi ontem o Natal do ano que se passou e o Natal deste ano já está às portas, com as ruas e as lojas movimentadas e enfeitadas. O povo já começa a correr para os preparativos e viagens. Que bom que o Natal chegou para todos!
Pois bem, qual seria o significado prático-pedagógico do Natal para o cristão? Festas, presentes, compras, passeios, viagens, encontros familiares? Para muitos, sim, mas o cristão deve ter em mente que o Natal tem para ele um sentido não apenas humano e comercial, mas profundamente bíblico e espiritual. Isso é o que podemos aprender, a partir das narrativas do nascimento de Jesus escritas pelos evangelistas Mateus (2:1-23) e Lucas (2:1-20).
Já se passaram mais de 2.000 mil anos, desde que os magos empreenderam uma longa viagem para visitar o menino Jesus que, em cumprimento às profecias bíblicas, nasceu em Belém e foi colocado em uma manjedoura por sua mãe (Lucas 2:7 e 12). O Natal, ou melhor, o nascimento de Jesus, foi um acontecimento que mexeu até com o governo daquela época, o qual sentiu o impacto desse fenômeno divino: “Quando o rei Herodes ouviu isso, ficou perturbado, e com ele toda a Jerusalém” (Mateus 2:3).
Então, nada há de errado em comemorar o Natal, desde que esteja de acordo com os princípios bíblicos e que não haja exageros nas comemorações. Portanto, não faça do Natal uma festa de bebedeira, glutonaria, muito menos uma farra. Natal é uma oportunidade de reflexão, avaliação e reconsideração de conceitos e valores cristãos. 322
À luz das narrativas bíblicas, eis alguns ingredientes indispensáveis no Natal que agrada a Deus, e que sem eles essa comemoração não teria sentido algum.
INGREDIENTE 1: ALEGRIA
Esse foi o primeiro ingrediente da conversa entre o anjo do Senhor e os pastores de Belém que guardavam, durante as vigílias da noite, seus rebanhos no campo: “[…] eis aqui vos trago novas de grande ALEGRIA, que será para todo o povo, pois na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é o Cristo, o Senhor” (Lucas 2: 10-11). Na verdade, o tom da mensagem desse ser celestial era de que a alegria roubada da humanidade no Jardim do Éden pela entrada do pecado no mundo estava sendo restituída.
A expressão “novas de grande alegria” são uma referência ao evangelho. Ou seja, evangelho é “alegria”. Por isso, o homem pecador não encontra satisfação ou prazer de viver em lugar algum e em nada neste mundo (João 15:18). Somente o evangelho, que é “boas-novas de grande alegria”, poderá preencher o vazio do coração do ser humano. Natal é uma festa alegre, na qual amigos e parentes celebram o nascimento de Jesus. A alegria deve ser o tom do início ao fim dessa maravilhosa comemoração.
INGREDIENTE 2: ADORAÇÃO
Comemorar o Natal sem o espírito de adoração cristã não tem sentido algum para Deus. Ou melhor, tudo nesta vida perde o valor se a motivação não for o culto a Deus. Os magos empreenderam uma grande viagem para celebrar o primeiro Natal. A emoção era tão grande que eles se derramaram diante do menino Jesus: “[…] e viemos a ADORÁ-LO […]. E, entrando na casa […] prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2: 2,11).323
Adorar a Deus é um imperativo: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou” (Salmo 95:6). Se existe uma comemoração cristã que precisa estar inteiramente regada de adoração é o Natal. A devoção por Jesus, o Filho de Deus que nasceu para arrancar o homem pecador das garras de Satanás, deve ser única e 100% verdadeira. Nesse aspecto, o Natal deve ser uma comemoração diária, pois todos os dias o Deus Trino e Uno deve ser conscientemente adorado.
INGREDIENTE 3: GRATIDÃO
Uma das melhores expressões de gratidão que podemos demonstrar às pessoas é a retribuição. Os textos deixam claro que o espírito de alegria e gratidão nos corações dos reis magos era real. Com temor e fé no coração, acreditaram que o Salvador havia chegado (Lucas 2: 9-11). A gratidão em forma de presentes foi o modo que encontraram para retribuir ao menino Jesus: “[…] ofertaram-lhe DÁDIVAS: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11).
O ouro, metal precioso, amarelo e brilhante fala da realeza e dignidade de Jesus. O incenso, resina aromática que se queimava na antiga aliança, era o reconhecimento e a fé em sua divindade. A mirra, resina odorífera, medicinal, produzida pelo “balsamodendron”, pode simbolizar o sacrifício que os reis fizeram para ver e adorar o recém-nascido. Essas são leituras teológicas que têm aplicações práticas para todos. O que iremos dar a Jesus neste Natal?
De todas as definições de gratidão, a do pensador e escritor Lair Ribeiro, de seu livro O Sucesso Não Acontece por Ocaso, talvez seja a mais profunda e significante, que expressa este sentimento: “A gratidão é a mãe dos sentimentos”. Então, fica sem valor qualquer sentimento, o amor, por exemplo, se não houver o espírito de gratidão? Sim, porque Natal é alegria, Natal é adoração ao Rei Jesus e Natal é eterna gratidão a Deus por tudo. Feliz Natal e próspero Ano-Novo a todos!
NATAL É PURA ALEGRIA!
Era uma vez um rei que, apesar de ser muito rico, era triste, pois não conseguia aumentar seu tesouro. Ele estava sempre de mau humor e isto causava enormes problemas a todos, pois seus decretos, rudes e injustos, massacravam o povo com exigências descabidas. Por fim, o rei acabou entrando em depressão. Seus médicos lhe disseram que a única cura para sua doença era a alegria. O monarca, então, ofereceu um excelente prêmio a quem pudesse lhe trazer a alegria de volta.
Muitos tentaram, mas ninguém conseguiu arrancar um só sorriso da cara do rei. Nada conseguia alegrá-lo. Nem os músicos, nem o bobo da corte, nem as dançarinas, nem os lançadores de enigmas, nem os mímicos, nem os encantadores. Os amigos do rei resolveram consultar um grande sábio que vivia ali. Ele lhes disse que, se o rei vestisse a camisa do homem mais feliz daquele reino, a alegria voltaria ao seu coração. Iniciou-se, então, uma intensa investigação para se descobrir quem era o homem mais feliz de todos.
Para surpresa dos investigadores, o homem mais feliz daquele reino morava longe do luxuoso palácio do rei, num casebre muito simples. Ele, sua mulher e seus filhos trabalhavam de sol a sol no cabo da enxada para conseguir se manter. Porém, sempre unidos, passavam o dia rindo e cantando. Os investigadores contaram-lhe o problema que os havia trazido ali e pediram-lhe que ele lhes desse uma de suas camisas, para que a alegria pudesse voltar ao coração do rei.
Só então compreenderam por que aquele homem trabalhava na lavoura de peito nu: ele não tinha nenhuma camisa. Um dos investigadores, espantado, perguntou-lhes como conseguiam ser tão felizes tendo tão pouco, ao contrário do rei, que tinha tanto, mas era infeliz: Somos felizes porque o reino de Deus está em nossos corações, respondeu-lhe o homem. “O reino de Deus não consiste no comer e no beber, mas na justiça, na paz, e na alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).