Alegre-se que o filho é seu!

Nasceu!

Este é o grito e a primeira informação dada pelo pai aos que estão aflitos, em uma sala de espera, por notícias da mãe e do bebê.

Mas com Jesus isto não ocorreu. Não havia ninguém esperando, aliás, não havia nem um quarto para o parto quanto mais uma sala de espera. Não haviam convidados aflitos nem equipe médica.

Foi em uma manjedoura que ele nasceu, a palavra para este lugar no texto grego significa “lugar onde se alimentam os animais”, portanto pode ser traduzido também por estábulo, este foi o lugar escolhido por Deus para que nascesse o Salvador.

Mas por mais que os evangelistas não registrem nenhum brado de José pelo nascimento de Jesus, ouve um anuncio sim. Não foi da parteira criticando o fato dele ter nascido naquelas condições, ou de alguém que ouviu o choro do menino Jesus e logo correu pedindo ajuda ao coitado que nasceu em um estábulo.

Foi um pouco longe dali e os escolhidos para receber a “boa nova” foram alguns pastores desconhecidos.

Mas porque pastores e não escribas ou sacerdotes?

Na realidade, os pastores viviam à margem da sociedade de Israel. Seu trabalho não apenas os tornava cerimonialmente impuros, mas também os obrigava a passar meses longe do templo, de modo que não poderiam ser purificados.

William Barclay resume isso assim:

Eles eram desprezados pelos bons ortodoxos de seus dias. Virtualmente não podiam cumprir com todos os detalhes da Lei cerimonial, não podiam observar todas as meticulosas lavagens de mãos, as normas e as regulamentações. O cuidado de seus rebanhos os absorvia e os ortodoxos os consideravam como pessoas inferiores.

A resposta é simples: Qual escriba acreditaria em um Messias nascido em um estábulo? Que sacerdote iria se curvar diante de um menino que nasceu no meio de animais?

Os anjos procuram aqueles que viviam a margem da religião, pessoas simples que exerciam um ofício que na mesma medida em que era indispensável era desprezível em Israel. É sugestivo pensar que abençoados foram aqueles pastores porque, depois de tanto cuidar das ovelhas e provavelmente as verem indo para o sacrifício no templo que eles nem mesmo podiam chegar perto, serem os primeiros a ver o CORDEIRO DE DEUS QUE TIRA O PECADO DO MUNDO!

Então no meio de uma escura noite comum de trabalho foram envoltos em uma luz que clareou não só o ambiente, mas também todo o Antigo Testamento que há tempos ansiava por aquele momento tanto quanto Maria pelo dia de dar à luz a Jesus.

“Não temais, porque vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo”.

O anúncio em si, é precedido pelo seu propósito. Isto é, primeiro o anjo explica o porquê do nascimento de Jesus para depois o anunciar de fato:

“… é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.

E logo após algumas instruções sobre como encontrá-lo juntam-se a este anjo um exército deles. Não vieram armados para a guerra, mas vieram com um cântico nos lábios:

“Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele ama”.

Para estas pessoas simples e rejeitadas este anúncio de PAZ a partir de Cristo era muito significativo, ou seja, enfim poderiam se sentir em paz com Deus mesmo estando excluídos da religião dos homens e, assim, em PAZ com os homens simplesmente porque estavam sendo reconciliados com Deus.

Agora muito mais sentido faz o texto de Paulo quando diz:

Irmãos, observai o vosso chamado. Não foram chamados muitos sábios, segundo critérios humanos, nem muitos poderosos, nem muitos nobres. Pelo contrário, Deus escolheu as coisas absurdas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas humildes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, a fim de que nenhum mortal se glorie na presença de Deus. (I Coríntios 1:26-29)

Esta é a “boa-nova”, isto é APENAS EVANGELHO!

Soli Deo Glória!

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