História do Presbiterianismo no Brasil

O Presbiterianismo no Brasil é fruto do trabalho missionário do norte-americano Ashbel Green Simonton.
Ele chegou ao Brasil no dia 12de agosto de 1859 e, algum tempo depois, começou o seu ministério fundando a Igreja Presbiteriana do Brasil, em 1862, no Rio de Janeiro. Podemos dividir a história do Presbiterianismo do final do século XIX em três etapas distintas:

1 – A época de Simonton – de 1859 a 1867

Havendo iniciado o trabalho na capital do Brasil, então Rio de Janeiro, faz sua primeira viagem para o interior do estado em 1860, visitando também a cidade de São Paulo e algumas do interior paulista. Em razão desses contatos, algum tempo depois começa a IPB na capital Paulista com o missionário Alexander Latmer Blackford e sua esposa Lilie, irmã de Simonton. Este casal tinha vindo dos Estados Unidos para ajudá-lo no trabalho missionário no Brasil (ATAÍDES, p. 41).

Em 1864, o Rev. Blackford recebe a visita de Antonio Martins Borges, da cidade de Brotas, SP. Este queria saber mais sobre o Evangelho, pois havia sido abordado por José Manuel da Conceição, JMC, um ex-padre que havia se entregado a Cristo graças ao ministério de Simonton. Em 1865, Blackford visita essa cidade e, ali, organizou-se a 3ª Igreja Presbiteriana no Brasil.

Com três igrejas organizadas, Simonton funda o Presbitério do Rio de Janeiro, em 16 de dezembro de 1865, e ordena o primeiro pastor brasileiro, José Manuel da Conceição. Em oito anos e quatro meses, Simonton organizou três igrejas (Rio, São Paulo e Brotas), um Presbitério (Rio de Janeiro), um Jornal (Imprensa Evangélica), um Seminário (Seminário Primitivo) e uma Escola (No Rio). Vítima de febre amarela, falece, no dia 09 de dezembro de 1867, em São Paulo, e é sepultado no cemitério dos protestantes.

2 – Expansão do Presbiterianismo – de 1867 a 1888

Com a morte do missionário Simonton, a Igreja Presbiteriana continuou o seu trabalho com os missionários americanos, pastores nacionais e leigos. O ex-padre JMC teve um papel importante no trabalho de evangelismo de cidade em cidade, no estado de São Paulo e sul de Minas Gerais. Neste período, ocorre a formação dos primeiros líderes nacionais e há uma grande expansão da evangelização, sendo muitas igrejas organizadas, tais como, Sorocaba e Borda da Mata, em 1869, e muitas outras nos anos seguintes. Este foi um momento importante do trabalho leigo no Brasil. Estes leigos, presbíteros e membros da igreja, continuaram evangelizando e distribuindo Bíblias com muito amor e fervor. Entre eles, podemos destacar o presbítero João Antunes de Moura, morador da cidade de Faxina (hoje Itapeva, SP), que se empenhou em levar Bíblias, como colportor, a várias cidades da sua região, inclusive chegando ao Estado do Paraná nas cidades de Guarapuava e Ponta Grossa (ATAÍDES, p. 99). Este irmão era avô do saudoso Pr. Ner de Moura, um dos pioneiros da IPRB, que faleceu em junho de 2009, aos 93 anos.

Em razão desse crescimento, em 1888 foi criado o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana no Brasil. Este Sínodo era composto por missionários norte-americanos tanto do Sul como do norte, e por pastores nacionais e presbíteros.

3 – Período entre a criação do Sínodo e a Cisão – de 1888 a 1903

Com a criação do Supremo Concílio, a igreja alcançou certa independência, mas alguns problemas afloraram, trazendo consigo grandes dificuldades. Pelo menos três problemas debatidos durante este período vão gerar a divisão da igreja presbiteriana em 1903: o Sínodo, o Seminário e a Maçonaria.

A relação dos missionários com os concílios

Com a criação do Sínodo no Brasil, os missionários passaram a fazer parte dele, inclusive da sua diretoria. Blackford representava o Sínodo do norte dos Estados Unidos e Smith, o do sul. Isto trouxe certo desconforto aos pastores nacionais que achavam que esses missionários não deveriam fazer parte da direção da igreja nacional. No entanto, os missionários não abriam mão disso, o que gerou certa dificuldade entre eles.

Reorganização do seminário

O Mackenzie, escola localizada em São Paulo, era também responsável pelo seminário. Esse foi o segundo ponto. Alguns pastores brasileiros discordavam e queriam o Seminário separado da Escola. No entanto, os missionários faziam algumas exigências para investir num Seminário separado do Mackenzie, pois isso não era do interesse deles.

Em 1896, Eduardo Carlos Pereira, um dos principais líderes nacionais, desafiou os missionários, dizendo-lhes que se não investissem no Seminário separado da Escola, a Igreja Nacional o faria, lançando então uma campanha, através do “Estandarte” (Jornal Presbiteriano), a fim de arrecadar 100:000$000 (cem contos de réis) para essa finalidade. Afirmava ele: “vamos tirar das nossas algibeiras”. O resultado não foi o esperado, por isso, até a cisão em 1903, não haviam conseguido o montante necessário para tal obra.

Incompatibilidade da maçonaria com o Evangelho

Em 1898, surge a questão da incompatibilidade da maçonaria com o Evangelho. Alguns pastores nacionais levantaram essa questão, usando o “Estandarte” para propagar suas teses. Eles acusavam a maçonaria de servir de instrumento ou “mão-de-gato” ao Mackenzie para tirar o Seminário da Igreja. O Rev. Eduardo C. Pereira, líder dessa facção e pastor da catedral de São Paulo, propôs demitir ou eliminar os maçons da igreja nos seguintes termos:

“Que os secretários permanentes dos diversos presbitérios passem cartas demissórias aos missionários dos Boards para quaisquer presbitérios dos Estados Unidos indicados pelos mesmos; e, caso não peçam as ditas cartas no prazo de noventa dias, sejam eliminados dos respectivos presbitérios.

Que os secretários permanentes dos diversos presbitérios passem cartas demissórias aos ministros e crentes maçons para qualquer igreja Evangélica indicada por eles mesmos; e, caso não as peçam no prazo de noventa dias, sejam eliminados do rol dos respectivos presbitérios e igrejas.” (PEREIRA, p. 20).

No Sínodo de 1903, nas primeiras sessões, travou-se uma guerra sobre a maçonaria. Não havendo conciliação pela intransigência da minoria que radicalmente rejeitava a maçonaria ocorreu a separação, em 31/07/1903. Criou-se, então, a IPI – Igreja Presbiteriana Independente. Eduardo C. Pereira, logo após a cisão, escreveu: “Contristados, despedimo-nos do Sínodo na memorável noite de 03 de julho de 1903, lamentando profundamente que os missionários tivessem preferido tão dolorosa solução às nossas dificuldades eclesiásticas”, (PEREIRA, p. 27).

O Sínodo justificou-se dizendo: “Os irmãos dissidentes insistiam em que a nossa igreja pronunciasse contra a maçonaria…” (PEREIRA, p. 27 e 28) explicou que entendiam que a maçonaria não era incompatível com o Evangelho. A partir desse momento tivemos duas igrejas presbiterianas no Brasil: a IPB e a IPI.

Surge o avivamento

No final da década de 60 e começo da década de 70, surgiu o avivamento dentro dessas Igrejas. O avivamento provocou dissidências no meio presbiteriano tradicional, levando à organização da ICP – Igreja Cristã Presbiteriana – em 1968, e à IPIR – Igreja Presbiteriana Independente – em 1972. Essas duas denominações se aproximaram e deram os passos para sua unificação, o que ocorreu em 08/01/1975, nascendo então a IPRB – Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil. Durante 34 anos a IPRB tem caminhado e crescido. Dos 8.335 membros iniciais hoje são mais de 116.000, distribuídos por 44 presbitérios e aos cuidados de 886 pastores. Enfrentou alguns problemas, venceu o período de transição e está assumindo sua identidade.

A IPRB é uma grande denominação pela sua linha doutrinária, estrutura jurídica e missão. Possui a Gráfica e Editora Aleluia, que tem excelente estrutura física e administrativa e edita o Jornal Aleluia, que circula há 38 anos.; dois conceituados seminários – o Seminário Presbiteriano Renovado, de Cianorte, PR e SPR Brasil Central, Anápolis, GO, este com uma extensão muito bem estruturada em Goiânia; uma Agência Missionária – a Mispa (Missão Priscila e Áquila) – com sede em Assis, SP (www.iprb.org.br). Acima de tudo, a IPRB tem um patrimônio incalculável que são os seus pastores, missionários e membros.

Que neste aniversário de 150 anos da chegada de Simonton à nossa Pátria, louvemos juntos a Deus pelo presbiterianismo no Brasil até que o Senhor volte! Que Deus nos abençoe!

Referências:

ATAÍDES, Florêncio Moreira de. SIMONTON: o missionário que impactou o Brasil. Arapongas, PR: Aleluia, 2008.

PEREIRA, Eduardo Carlos. As Origens da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil. São Paulo: Almenara, 1965, 2ª Ed.

Site: https://iprb.org.br. In: 07/06/09

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Fonte: Artigo publicado no Jornal Aleluia de agosto de 2009, páginas 08 e 09.

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