“Assim, espalharam notícias falsas (fakes news) entre os israelitas a respeito da terra que haviam espionado. Eles disseram: Aquela terra não produz o suficiente nem para alimentar os seus moradores. E os homens que vimos lá são muito altos” (Números 13:32).
Segundo o site www.educamaisbrasil.com.br, a expressão “Fake News” ganhou notoriedade nas páginas das mídias e, mais recentemente, na internet. No entanto, muitos desconhecem o que, realmente, significa uma fake news. Vale lembrar que o termo vem do inglês “fake”, que significa falso, e “news”, que quer dizer notícias ou mensagens. Em nossa língua, a palavra significa notícias falsas. Mas, apesar de ter-se destacado nos últimos anos, a expressão é bem mais antiga do que imaginamos. Para os estudiosos, data do final do século 19 (1801/1900).
Portanto, fake news são informações falsas que viralizam entre nós, por meio da mídia escrita, como jornais, revistas, internet etc., e da mídia falada, como TV, vídeos e discursos em geral, como se fossem verdades absolutas. Atualmente, as fake news têm uma forte e rápida repercussão e estão, indiscutivelmente, relacionadas às redes sociais. Engana-se quem afirma que a expressão é do final do século 19. Pelo contrário, sua utilização é tão antiga quanto a criação do homem, e essa onda de divulgação das falsas notícias perpassaram os séculos desde a criação do mundo.
As fake news que circulam nas redes sociais e nos meios de comunicação têm sido o assunto do momento, principalmente no mundo político, uma vez que estamos, direta ou indiretamente, inseridos nesse contexto. Diante disso, somos tentados a participar desse processo quando recebemos em nosso celular uma fake news em vídeo ou mensagem. Se, por um lado, não é fácil evitar que esse fato aconteça, por outro, não podemos cair no engodo e nos tornarmos produtos dessa cilada. Por isso, é oportuno conhecermos alguns relatos bíblicos que contêm narrativas baseadas em fake news, no sentido de nos resguardarmos dessa falácia contaminadora.
NARRATIVA 1: OMISSÃO DA VERDADE
Narrativa é a exposição de uma série de fatos, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens. A falsa notícia se estabelece sobre essa plataforma de significados. Nesse sentido, a primeira narrativa de omissão da verdade ocorreu no Jardim do Éden, por ocasião da queda do homem, narrada em Gêneis. A serpente disse à mulher: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” (3:1). Na verdade, Deus não disse à mulher para não comer “de toda árvore do jardim”, mas Ele disse: “… do fruto da árvore do meio do jardim […] não comereis dele…” (3:3).
Perceba a presença da “falsificação” inserida na verdade dita pelo Criador. Uma fake news sempre desvirtua a mensagem com o uso dessa artimanha, visando, com isso, à sagacidade. Na verdade, o que está em jogo em uma fake news é a dissimulação do certo, daquilo que é bom, que é real, que é fiel e amigo do bem-estar e da veracidade de uma determinada situação. Veja que o intento da serpente foi realizado com sucesso, por meio de uma fake news, que parecia verdade, mas que causou sérios desdobramentos na vida de Adão, de sua mulher e de toda a humanidade (leia Gênesis 3:14-24).
Portanto, toda fake news é desprovida da essência da verdade. A ela está associada a teoria da relativização, que se define pela desconstrução de verdades pré-determinadas, de modo a buscar o ponto de vista do outro, a fim de tornar o conhecimento subjetivo. Ou seja, quem relativiza suas opiniões e conceitos acredita piamente que existem outros tipos de verdades e de perspectivas para um determinado conceito. Por isso, não existe necessariamente o certo e o errado ou o bom e o ruim. Bem disse Jesus que Satanás é o autêntico pedagogo das fake news, porque ele propaga “mentiras” desde o princípio (João 8:44).
NARRATIVA 2: OPOSIÇÃO AO CERTO
O episódio de Números 13 é atual e pode nos dar uma fotocópia real do mundo de hoje. O que ocorreu naqueles dias com Israel, em Cades Barneia, próximo à Terra Prometida, é exatamente o que ocorre atualmente no mundo político. Sim, os dez espias, quem sabe os economistas e os agrônomos da época, retornaram da missão de espiarem a terra, depois de 40 dias, trazendo o relatório a Moisés (vv. 25-27). Apesar de a terra ser produtiva e os “nativos” serem pessoas bem preparadas e poderosas, Calebe disse que era possível conquistar a terra: “Subamos animosamente e possuamo-la em herança; porque, certamente, prevaleceremos contra ela” (v. 30).
Essa atitude causou espanto em todos. Seus comparsas criaram uma narrativa de oposição, dizendo que não era possível fazer o que Calebe propunha, porque os habitantes da terra eram fortes e “Assim, espalharam notícias falsas (fakes news) entre os israelitas a respeito da terra que haviam espionado. Eles disseram: Aquela terra não produz o suficiente nem para alimentar os seus moradores. E os homens que vimos lá são muito altos” (v. 32). A existência das dificuldades para a execução desse projeto era real. Mas a oposição é sempre assim, “finca” obstáculos em tudo: “O pessimista queixa-se dos ventos. O otimista espera que eles mudem. O realista ajusta as velas”.
Essa história pode ser credenciada como um protótipo político das fake news que viralizam em nossos dias. Nesse aspecto, não seria nem preciso citar exemplos da avalanche de notícias falsas disseminadas diariamente. O contexto atual deixa-nos estarrecidos com as mal-intencionadas manobras sócio-políticas que acontecem à nossa volta, na tentativa de desconstruir os valores sociais, morais e familiares. As narrativas das fake news da oposição estão presentes em todos os segmentos da sociedade, visando a todo custo impedir e destruir os projetos e os sonhos de conquistas das pessoas.
NARRATIVA 3: OSTENTAÇÃO DO FALSO
As fake news são uma ameaça constante à integridade física, moral e espiritual de uma pessoa ou de uma instituição qualquer. Além de omitir a verdade e se opor com veemência àquilo que é correto, uma fake news é a verdadeira encarnação da ostentação do falso, do irreal, da fantasia e da ambição movida pela maldade. Essa façanha pode ser vista no cenário cinematográfico de Jesus em uma disputa ferrenha com Satanás no deserto (Mateus 4:1-11). Jejum, oração e comunhão com o Deus-Pai eram os pilares de sustentação de Sua vida, que tinha como objetivo a realização do plano de salvação.
Passados quarenta dias e quarenta noites em jejum, Jesus sentiu o estômago vazio e teve fome (v. 2). De repente, aproxima-se Dele o tentador com as mais lúdicas narrativas de ostentação da falsidade. Cada proposta que ele fazia ao Filho de Deus era uma fake news fantasiada de orgulho, o mesmo que o derrubou ou o expulsou dos céus (Isaías 14:11-15). Então, o diabo tenta fazer uma barganha com Jesus, apresentando-lhe uma tríplice proposta com vistas à adoração própria: a) realizar um milagre: transformar pedras em pães (v. 3); b) provar a sua divindade: lançar-se do pináculo do templo (v. 6); c) vencer os desejos humanos: rejeitar os reinos e a glória deste mundo (vv. 8 e 9).
A ostentação da falsidade ficou visível na “cara” do diabo. Era tudo fake news! Sim, apesar do plano de salvação ser um projeto “embrionário”, porque Jesus ainda haveria de morrer e ressuscitar (Gênesis 3:15), os enunciados do tentador eram enganosos. Então, Jesus deleta, de imediato, todas as suas fake news com a verdade: “Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (v. 10). Dessa forma, Jesus deixa evidente que o cristão existe, unicamente, para adorar e servir a Deus. Portanto, vamos compartilhar #deleteasfakedodiabo e viralizar as verdades sobre o evangelho ditas por Jesus, em Mateus 28:19 e Marcos 16:15.
PARA REFLETIR
Um judeu russo foi finalmente autorizado a emigrar para Israel. No aeroporto de Moscou, a alfândega encontra uma estátua de Lênin em sua bagagem e questiona: “O que é isso?”
O homem respondeu: “O que é isso? Pergunta errada, camarada. Você deveria ter perguntado: Quem é ele? Este é o camarada Lênin. Ele lançou as bases do socialismo e criou o futuro e a prosperidade do povo russo. Estou levando comigo como uma memória de nosso querido herói”.
O funcionário da alfândega russa o deixou ir sem mais inspeção. Já no aeroporto de Tel Aviv, o oficial da alfândega israelense também perguntou ao nosso amigo russo: “O que é isso?”
Ele respondeu: “O que é isso? Pergunta errada, senhor. Você deveria perguntar: Quem é ele? Este é Lênin, o bastardo que fez com que eu, um judeu, deixasse a Rússia. Levo esta estátua comigo para que possa amaldiçoá-lo todos os dias”.
O funcionário da alfândega israelense diz: “Peço desculpas, senhor. Está liberado para ir”. Instalando-se em sua nova casa, ele colocou a estátua sobre uma mesa. Em seu novo lar, ele convida amigos e parentes para jantar.
Um de seus amigos vê a estátua e pergunta: “Quem é este?”. Ele respondeu: “Meu caro amigo, quem é este é uma pergunta errada. Você deveria ter perguntado: O que é isso?” “São dez quilos de ouro maciço que consegui trazer comigo sem pagar taxas alfandegárias e impostos”.
Pois bem, deixamos duas perguntas pedagógicas com o leitor como moral da história: a) Que relação existe entre essa história e as narrativas bíblicas das fake news? b) Qual das três narrativas estudadas poderia ser contemplada nessa história?