Evidências de um autêntico avivamento – Julho/2008

Não há nada que demonstre, de forma tão eloquente,
a soberania e poder divino como o avivamento,
que é a erupção de Deus na História
e a manifestação de sua graça poderosa

Quando o povo de Israel ou a Igreja, na sua jornada histórica, se mostravam enfraquecidos, fracassados, desacreditados e sem poder, rendiam-se ao Senhor e Deus os soerguia. Não há nada que demonstre, de forma tão eloquente, a soberania e poder divino como o avivamento, que é a erupção de Deus na História e a manifestação de sua graça poderosa.

O brado por um avivamento foi o pedido do profeta Habacuque, 3: 2. Ciente dessa necessidade, o homem de Deus pede ao Senhor que avive a Sua obra, pois estava certo de que, com o passar dos anos, o povo se esfriaria em sua fé de tal modo que todos já anteviam seu fim. Por isso roga, urgentemente, um avivamento para que a obra mantenha-se viva.

Por ocasião do dia da IPRB, que comemoramos no terceiro domingo de julho, e por considerar que o nosso lema nesses últimos anos é Avivamento e Crescimento, gostaria de convidar o amado leitor a uma reflexão bíblica e histórica sobre algumas evidências e resultados advindos dos grandes avivamentos, aplicando-as à nossa vida eclesiástica e pessoal.

Confissão e arrependimento

O pecado é o maior empecilho ao avivamento. A igreja está sofrendo uma vida pobre e superficial porque tem pouca convicção de pecado. Ela tem-se conformado com suas falhas. Parece que tudo se tornou normal ou comum para o povo de Deus. Mas o arrependimento e o choro pelos pecados é a chave para vermos os céus abertos.

Se quisermos avivamento, precisamos tratar a sério a questão do pecado, isto é, avivamento começa com insatisfação, com humilhação, com lágrimas e não com riso e festa. Enquanto a igreja estiver satisfeita consigo mesma, não haverá esperança de avivamento. Portanto, a igreja que não se quebrantar, que não se arrepender, que não se voltar para Deus não estará abrindo as portas para ser usada pelo Senhor, Jr. 15: 19.

Um exemplo sempre atual, que ilustra muito bem esta verdade, é a oração do rei Salomão. Após edificar o templo e orar pedindo as bênçãos sobre aquele lugar, Deus lhe aparece, numa visão, dizendo que no dia em que o povo pecasse e se rebelasse contra Ele sofreria as terríveis consequências do pecado, 2Cr 7: 13 e 14. Todavia, se o povo se humilhasse e reconhecesse o seu pecado, convertendo-se de seus maus caminhos, a bênção tornaria a repousar sobre eles.

Todo grande derramar do poder do Espírito Santo na história, sempre foi precedido por uma profunda convicção de pecado, por meio de arrependimento e oração. Ninguém tem dúvidas de que todo avivamento é precedido de oração. Não se desvincula a oração do poder divino. E Deus não pode conceder poder àquele que está embaraçado com as coisas desta vida, Hb 12: 1 e 2.

Intensa sede de Deus

Outro aspecto é que todo avivamento é marcado por um profundo desejo de intimidade com o Eterno. O Salmo 42 retrata esta realidade. O salmista, na tentativa de fugir dos problemas da vida, vai ao deserto do Neguebe, região da Judeia, um lugar pedregoso, solitário, cáustico e perigoso. O sol ardente o assola e, de repente, vê uma corsa exausta, que corre desesperadamente em direção à água, em busca da satisfação interior.

É nesse momento que o salmista olha para esse animal e exclama: “Como a corsa que brama pelas correntes das águas, assim suspira a alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo…¨, vs. 1 e 2. O salmista está querendo dizer que a ansiedade desse animal retratava a sua ânsia por Deus. Ele não conseguia viver sem a presença do seu criador. Seu anseio por Ele estava acima de tudo.

Muitas pessoas têm procurado ou buscado a Deus meramente em troca das bênçãos. Vivemos um Cristianismo extremamente antropocêntrico: tudo gira em torno do homem. Deus, para muitos, não passa de um instrumento secundário, que trabalha para a realização de todos os gostos e vontades do homem. Os sermões pregados em nossos dias às vezes têm perdido de vista os fundamentos bíblicos.

Em tempos de avivamento, a igreja passa a ter mais sede de Deus do que pelas coisas que Ele pode dar. Empenha-se totalmente na busca da intimidade e comunhão com Deus – não se contentando com as bênçãos, mas desejando ansiosamente o próprio Deus. Isto é um dos verdadeiros frutos do avivamento. Esta sede se concretiza na oração, na comunhão, no amor, nas práticas sociais, no estudo da palavra e nas ações evangelísticas da Igreja.

Santidade e amor à palavra

O próprio Jesus disse: ¨Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade¨, Jo 17: 17. O mover de Deus traz esse comprometimento com a Palavra. A história registra que em épocas de avivamento a igreja é renovada em seu amor pela Palavra. Não há avivamento sem volta à Bíblia, sem fome da Palavra, sem que a igreja tenha avidez pelas verdades eternas. Ou seja, todo avivamento é centrado na Palavra.

Quando a Bíblia é deixada de lado, o Deus da Palavra é rejeitado. E, se isso acontece, a igreja se extrema para o subjetivismo, calcado em experiências e na mística, ou para o racionalismo incrédulo. O grande evangelista Moody, ao se referir à Bíblia, dizia: “Ou este livro o afastará do pecado ou o pecado o afastará desse livro”. Quanto mais longe da Palavra, mais perto do pecado. Quanto mais perto da Palavra, mais longe do pecado.

Leonard Ravenhill, ardoroso escritor e pregador da Palavra, disse que “a maior vergonha dos nossos dias é que a santidade que pregamos é anulada pela impiedade do nosso viver”. Há enorme lacuna entre o que a igreja prega e o que vive, entre o sermão e a vida, entre a fé e as obras. Não vivemos o que pregamos e pregamos o que não vivemos.

É impossível ser de Cristo e do mundo ao mesmo tempo. A ausência de santidade é a causa do fracasso e o grande obstáculo do avivamento. A falta de santidade emperra, amarra e deixa a igreja em descrédito. Quando a igreja perde o foco da santidade e passa a amar o mundo, cria-se com isso o maior impedimento à ação de Deus na História.

Ardor evangelístico

Avivamento sempre gera um ardor evangelístico e conscientiza a igreja da responsabilidade de fazer missões nacionais e transculturais. Em todas ocasiões em que o Espírito foi derramado, houve experiências de uma profunda paixão pelos pecadores. Quando o Espírito desceu sobre a Igreja Primitiva, At 2, os discípulos romperam com as quatro paredes e alvoroçaram o mundo da época, e de maneira ousada anunciaram o evangelho em todos os lugares, At 1: 8.

Avivamento que não gera evangelização e comprometimento com o crescimento do Reino de Deus não é bíblico. São apenas movimentos que vêm e passam rapidamente. O avivamento, por usa vez, desperta a igreja e esta, consequentemente, busca os perdidos com a mensagem de transformação. O genuíno avivamento contamina a igreja com o fogo desbravador do Espírito Santo.

Por isso, evangelização é a tônica da igreja, porque essa é a sua missão na terra, Mc 16: 15. Só para se ter uma ideia, de acordo com as estatísticas, de 10 mil pessoas que vivem nos arredores de uma igreja, quatro delas morrerão semanalmente. Quer dizer, 16 por mês, 192 a cada ano. Pergunta-se: todas vão morrer salvas? A igreja não pode ser indiferente. Não pode agir, como na parábola do Bom Samaritano, da mesma forma que o sacerdote e o levita que nada fizeram pelo moribundo. Isso é uma afronta a Deus, Lc 10: 15-37.

Não podemos nos esquecer que todo cristão é um missionário em potencial. Jesus nos chamou para sermos testemunhas, quer dizer: “todo coração com Cristo é um missionário; todo coração sem Cristo é um campo missionário.” Será que a igreja, em vez de ser uma agência missionária, não está se transformando num campo missionário? Como igreja, precisamos erguer a cabeça e ver os campos que já estão brancos para a ceifa e escutar o gemido das multidões que perecem sem Cristo, a começar por Jerusalém (nossa cidade).

Que caia sobre todas as igrejas renovadas, sobre todos os nossos membros, sobre nossos jovens e líderes, bem como sobre todo segmento evangélico de nosso país, uma chuva de avivamento, que leve o povo a ter sede e fome de Deus, para que aconteça um verdadeiro envolvimento e comprometimento com a Sua obra. Somente assim estaremos prontos para dizer como o profeta Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, Is 6: 8. E, sem dúvida alguma, o resultado desse avivamento será o maior crescimento já provado por esta geração.

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Fonte: Jornal Aleluia de julho de 2008

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