Fundamentos de premiação do atleta campeão

“Combati o bom combate, terminei a carreira; guardei a fé” (1Timóteo 4:7)

Era outono do ano 67 da era cristã. O Apóstolo Paulo estava preso em uma prisão chamada Mamertina, na Roma Antiga. O imperador era o “tirano, cruel e assassino” Nero, que matou a própria mãe. Cárcere Mamertino, construído em 64 a.C., era uma masmorra suja, nojenta, fria e desprezível. Uma escavação no Monte Capitolino, no Fórum de Roma, onde ficavam presos os inimigos de Roma. Segundo a tradição, foi lá que Paulo viveu seus últimos noventa dias de vida, antes de ser decapitado. Atualmente, é uma rota turística de peregrinação e fé.

Em 64, Nero colocou fogo em um bairro de Roma, para se inspirar e escrever um poema épico. No entanto, o incêndio tomou grandes proporções, atingindo outros lugares. Para se livrar dessa catástrofe, a culpa foi atribuída aos cristãos. Milhares deles foram torturados, lançados nas arenas e queimados. Nessa ocasião, Paulo não estava na cidade, talvez na Espanha, pois havia cumprido prisão domiciliar e sido libertado. Sabendo da tragédia, volta a Roma para assistir os cristãos que sobreviveram e revitalizar a igreja do Senhor.

É nessa época que ele é novamente preso, por ser uma pessoa influente da seita cristã, como diziam seus oponentes. Acusado de cumplicidade pelo incêndio, é preso e condenado à morte. Da prisão, escreve suas últimas palavras ao seu filho na fé, Timóteo, um jovem pastor, da cidade de Listra, que, aos 14 anos, converteu-se ao evangelho. Paulo o amava e o admirava, por sua fé não fingida (1 e 2 Timóteo1:5). Antes de morrer, deixa registrado este enunciado de fé à vida cristã, composto por três fundamentos.     

FUNDAMENTO 1: A FÉ PROTEGE O COMBATENTE

Perceba o leitor que o apóstolo só combateu o bom combate e terminou bem sua carreira, porque guardou a fé. A fé é o elemento primordial nesse processo. Eu e você somos combatentes de guerra, até porque a Bíblia diz que nossa luta não é física nem visível, ou seja, não é contra a carne e o sangue, mas contra as hostes espirituais da maldade nas regiões celestiais (Efésios 6:12). A fé é o “Biotônico Fontoura” ou suplemento diário que estimula o apetite motivacional e auxilia na imunidade e energia espiritual do cristão.     

Um combatente de guerra precisa ter suas energias carregadas vinte e quatro horas e sem fé isso é impossível (Hebreus 6:1). Essa é a razão porque o apóstolo diz que guardou a fé. O verbo guardar tem sentido de carregá-la para usá-la quando precisar. A fé não é um elemento palpável nem visível, porque é prova das coisas que se não veem e das que se esperam, isto é, que torna o invisível em visível, o fraco em forte, a doença em saúde, a falência em restauração e o perdido em achado (Hebreus 11:1).     

FUNDAMENTO 2: A FÉ MOTIVA O ATLETA

No capítulo 2, versos 3 e 4, Paulo considera Timóteo como um soldado de guerra, mas ao mesmo tempo, com um atleta. E porque Paulo combateu o bom combate pela fé é que ele conseguiu terminar a corrida. Sim, se não fosse a fé, ou seja, suas convicções bíblico-teológicas, para animá-lo frente às injúrias, calúnias, naufrágios, ódio e inveja até mesmo dentro da própria igreja, jamais acabaria a carreira cristã. A fé o motivava diariamente. Ele mesmo disse: “Quando sou fraco é que sou forte” (2 Coríntios 2:10).

Jesus foi taxativo ao dizer que no mundo teríamos aflições, dissabores e lutas. No entanto, ele deu a receita certa: vocês precisam ter motivação, assim como eu (João 16: 31). Todo atleta é dependente desse fator (motivação) intrínseco e determinante para chegar ao pódio da premiação. A desistência, às vezes, pode ser fruto do cansaço físico e emocional, do medo de não vencer, do desânimo causado pelas intempéries da vida. Mas a fé é o elemento chave que calibra e monitora nossa persistência rumo à reta final (Hebreus 12:1).    

FUNDAMENTO 3: A FÉ PREMIA O CAMPEÃO

Quem não gostaria de ser premiado como campeão em uma competição? Quem luta quer vencer; quem corre quer subir ao pódio; quem guarda quer preservar algo que recompensa, não é mesmo? É exatamente sobre isso que Paulo está dizendo. Olha, Timóteo, eu lutei a luta, terminei a corrida e guardei a doutrina aprendida (fé) desde a minha conversão. Fiz o que pude e o que não pude, do ponto de vista humano. Sofri como servo em todos os sentidos, mas estou sendo premiado com a coroa da justiça (4:8).

Foi difícil, sim, porque até mesmo meus irmãos judeus se levantaram contra mim com calúnias, perseguições, difamações, etc. Foram dias desafiadores, mas a graça de Deus  fortaleceu minha fé e esperança (2 Coríntios 12: 9 e 11:16-33). Até mesmo no último julgamento ninguém compareceu ao tribunal (2 Timóteo 4: 16). Porém, fui fiel e estou pronto para receber a coroa de campeão ou da vida eterna (Apocalipse 2:10). Timóteo, passa à frente essa mensagem de fé, instes a palavra a tempo e a fora de tempo e faça a obra de um evangelista (2 Timóteo 4:5). Já estou de partida, até a eternidade!      

CULTURA JUDAICA ANTIGA

E que o lenço, que tinha estado sobre sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado em um lugar à parte”, João 20:7. O que este texto tem a ver com nossa reflexão? Pois bem, diz que quando um judeu era convidado para jantar em uma casa, ele levava consigo um lenço. Para quê? Se ele era maltratado, se a comida não estava de seu agrado ou se não gostara da refeição, da forma com que tinha sido tratado, pegava o lenço, o amassava e o colocava em um lugar à parte da mesa. Seu objetivo seria mostrar para a pessoa que viesse limpar a mesa, que ele não havia sido tratado da forma como deveria ser.

No entanto, quando convidado e a recepção fosse boa, a comida e a forma como fora recebido fossem do agrado, enrolava o lenço bem devagar e o deixava em algum lugar da mesa. A mensagem que queria passar é que havia gostado da comida, da recepção da casa e, deixando seu lenço enrolado, estava avisando que voltaria, oportunamente (do livro “Trabalhando para o Avivamento”, de Valdir Reis, pg. 21). Entendeu a mensagem do lenço enrolado no túmulo de Jesus? Eu ainda voltarei, disse Ele, para buscar minha igreja. Portanto, combater, terminar e guardar a fé é um desafio diário.  

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