Marcas da fé não fingida – Junho/2000

O apóstolo Paulo ensina sobre a fé
como um dos elementos básicos da doutrina
cristã no processo da salvação,
e que precisa ser conservada diante de quaisquer
dificuldades que surjam.

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,
pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele
que nele crê; primeiro do judeu, e também do grego”.

Romanos 1: 16

Tendo conhecimento das falsas doutrinas pregadas por aqueles que se faziam de cristãos, ou achavam que eram os melhores e os mais sinceros dentre os crentes (1Timóteo 1: 3, 4 e 7), como acontece hoje, o apóstolo Paulo escreveu a Timóteo, seu filho na fé, cartas, para instruí-lo e encorajá-lo quanto aos assuntos práticos como a adoração pública, as qualificações dos oficiais da igreja, e a confrontação do ensino falso na importante igreja de Éfeso, 1Timóteo 1: 18.

Como herdeiro de uma fé não fingida, isto é, sua experiência de conversão não se assemelhava ao papel de um ator que precisa fingir para se apresentar (sentido original da palavra empregada nesses versos) seu testemunho não tinha qualquer mácula de hipocrisia. Isso tornara a vida cristã desse jovem pastor pura e genuína. E, em meio aos falsos ensinos, Paulo recomenda-lhe para permanecer naquilo que aprendeu, 2Tm 3: 14.

No contexto geral de suas cartas a Timóteo, Paulo está falando sobre a fé como um dos elementos básicos da doutrina cristã no processo da salvação, e que precisa ser conservada diante das dificuldades surgidas (1Tm 1: 19). Sua ênfase é a necessidade de uma conduta cristã sem demagogia, uma vida cristã ilibada, comprometida com Deus, prática, autêntica e fiel aos princípios da Bíblia Sagrada. E é exatamente isso que é preciso para que o cristianismo pregado sobreviva.

Talvez seria importante que o leitor pensasse seriamente sobre isso e tentasse descobrir o que o apóstolo está querendo dizer sobre a fé não fingida. Ou quais seriam as lições de vida cristã que ele queria passar à igreja de ontem e hoje. Para isso, gostaria de ajudá-lo e convidá-lo para, juntos, analisarmos, pelo menos, três marcas ou aspectos da fé não fingida.

Presença de expectativa

Seria a esperança cristã fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas bíblicas. Se existe algo que o diabo tenta fazer a todo instante é apagar do coração do cristão a esperança ou expectação de que fatos inexistentes podem acontecer pela fé, Hb 11: 1.

A igreja primitiva viveu essa experiência. Seus primeiros dias foram marcados por muita perseguição; os crentes e pastores eram presos e martirizados. Tiago já havia sido morto, à espada, e Pedro aguardava o momento da morte na prisão (Atos 12: 1-25). Mas a igreja orava incessantemente por ele a Deus, vv. 6 e 12. Enquanto a igreja orava, O anjo de Deus visitou Pedro na prisão, e disse: “Levanta-te depressa” (v. 7). Pedro é milagrosamente solto e, em seguida, dirige-se à casa de Maria, onde a igreja estava reunida (v. 12). Quando chegou a casa, ele bateu à porta do pátio, e uma criada chamada Rode saiu a atender, e vendo que era Pedro, não conteve a alegria, e disse que Pedro estava à porta, Vv. 13 e 14. Ninguém acreditou nesse fato, até o momento que viram-no, e se espantaram com a realidade, vv. 15 e 16. Teriam esses irmãos se esquecido de que estavam orando para que Deus libertasse a Pedro da prisão, ou faltaram-lhes a presença da expectativa cristã?

Aprendemos com essa história que a vida cristã sem a esperança seria o cristianismo sem objetivo, sem finalidade ou sem rumo. Se você está orando por libertação, acredite na libertação vinda de Deus; se você está orando por cura, acredite na cura que Deus fará; se você está orando para Deus abrir as portas, acredite na intervenção de Deus; se você está orando por um avivamento, acredite no derramar genuíno do Espírito Santo. É preciso fé nas promessas da Bíblia Sagrada, especialmente naquelas que falam da volta de Jesus. Alguém disse que precisamos viver o dia de hoje como se Cristo voltasse amanhã. Ele é a nossa esperança – MARANATA, Cl 1: 27.

Uso da perspicácia

Uma pessoa perspicaz é aquela que vê bem; que observa de maneira penetrante ou cuidadosa; pessoa dotada de agudez de espírito, cautelosa ou prudente, 1Jo 4: 1. Quando Jesus enviou os discípulos para anunciarem o reino de Deus entre os gentios e curarem os enfermos e os leprosos, ressuscitarem os mortos e expulsarem os demônios, recomendou-lhes perspicácia: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos: Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”, Mt 10: 16.

Uma passagem que pode nos ajudar a compreender melhor esse fato é a de Atos 17. Paulo e Silas pregavam na cidade de Bereia (v. 10). As pessoas recebiam de bom coração a palavra, de modo que muitos naqueles dias acreditavam naquilo que ouviam (v. 12). Mas nem por isso eles deixaram de ter o cuidado de conferir nas Escrituras se o que estavam ouvindo e aprendendo era assim mesmo (v. 11). Ou seja, eles tiveram a prudência de examinar nas Escrituras o que os pastores pregavam na sinagoga. Eram pessoas de uma agudez de espírito muito profunda. Não é incredulidade examinar o que se ouve ou que se lê.

No sermão profético (Mateus 24), falando sobre os acontecimentos dos últimos dias, Jesus também adverte sobre os perigos que precederão à sua volta, e recomenda essa virtude: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane”, v. 4. Jesus está dizendo que é preciso utilizar o filtro da prudência, e manter-se firme nos princípios da Palavra de Deus.

Ação da persuasão

Em sua declaração de fé, o apóstolo Paulo deixa evidente que ele era um cristão persuadido por Deus, quando disse: “…eu sei em que quem tenho crido, e estou certo (no original – persuadido ou convencido) de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (2Tm 1: 12). Ele sabia em quem havia depositado sua crença, pois sua declaração era fruto de uma fé experimental ou pessoal. Isso nos leva a relembrar sua experiência de conversão na estrada de Damasco (Atos 9). Uma vez convertido ou transformado por Deus, nunca mais precisou passar pelo processo de conversão, ainda que tenha ficado três anos no deserto da Arábia antes de fazer missões (Gl 1: 17 e 18).

Um fato comum e natural na vida cristã são certos problemas ou erros apresentados, que podem levar a fé cristã a ficar debilitada (sem força). E, então, é nesse momento que o cristão poderá questionar e duvidar daquilo que Cristo fez por ele no ato da conversão, ou até mesmo questionar o perdão dos pecados que já foram confessados e perdoados. Vale ressaltar que as circunstâncias adversas surgidas neste mundo fazem parte de nosso estado mortal e de nossa experiência humana. Não estamos isentos nem mesmo do fracasso ao pecado, 1Co 10: 12.

Na verdade, há crentes que nunca tiveram uma experiência de conversão, e nem sabem por que estão na igreja; aqueles que cantam e louvam ao Senhor, mas não sabem por que cantam e nem para quem cantam; pessoas que vivem dentro das igrejas e que nunca passaram pelo processo da regeneração; vivem a vida cristã como se ela terminasse aqui na terra. Leia o que Paulo fala sobre isso, 1Co 15: 19. Gente que não está persuadida de nada, nem mesmo de que Jesus perdoou seus pecados. A esses, a Bíblia ordena: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos de refrigério pela presença do Senhor ”, Atos 3: 19.

Conclusão

Em qualquer circunstância, eis o grande desafio à igreja do Senhor:

“De fato, a concorrência salta aos olhos. De todo lado há alguém clamando: Eis aqui o Cristo, na minha igreja, na minha denominação, no meu credo. Todavia, não perca Jesus de vista!

De fato, a apostasia é impressionante. Muitos dos seus discípulos o abandonaram. Entram pela porta da frente e saem pela porta dos fundos. Todavia, não perca Jesus de vista!

De fato, há muitos hipócritas dentro das igrejas. Eles desfiguram o rosto para parecer que jejuam, dizem uma coisa e fazem outra, mostram-se belos por fora e escondem a sujeira interior. Todavia, não perca Jesus de vista!

De fato, as igrejas cristãs se transformaram em empresas, em clube de serviço, em ponto de encontro, em salão de festa, em restaurante, em lugar de fofoca. Todavia, não perca Jesus de vista!

De fato, há pastores que negam a divindade de Jesus, o nascimento virginal de Jesus, a morte expiatória de Jesus, os milagres de Jesus e a ressurreição de Jesus. Todavia, não perca Jesus de vista!

De fato, o diabo anda solto. Ele se transforma em anjo de luz e engana a muitos. Ele ainda seduz, mente e ruge como leão. Põe loucura no coração do homem e lhe faz propostas absurdas. Todavia, não perca Jesus de vista!

Não perca Jesus de vista, porque ele é de fato o Cristo, o Filho do Deus vivo Ele tem de fato toda autoridade no céu e na terra; ele é a ressurreição e a vida; ele pode abrir os sete selos e dar sequência a história; ele aparecerá segunda vez em poder e glória e reinará por séculos que tombam sobre séculos numa eterna sucessão” (Revista Ultimato 235, pág. 3).

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Fonte: Jornal Aleluia de junho de 2000

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