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Uma pesquisa do dia 21 de julho/2023 feita pela VEJA com o título “Igrejas evangélicas multiplicam templos e expandem influência política” mostrou que desde 2010 o número de templos evangélicos dobrou e já supera 100 mil locais de culto em todo o país.
Uma vez que não existe legislação específica para a regularização de profissões eclesiásticas, fica por conta das organizações, fazerem suas exigências para a integração de líderes em seu meio e é aí que está o perigo, pois um número considerável de pastores tem usado os púlpitos para transmitir uma mensagem distorcida devido à facilidade em se obter material na internet sem investir tempo em oração, estudo e elaboração de seus sermões.
Sabemos que a pregação é a principal porta para que os ouvintes possam se interessar pelo evangelho e a comunicação correta tanto em conteúdo quanto em transmissão soará como música aos ouvidos, como disse D. Martyn Lloyd-Jones no livro ‘Pregação e pregadores’:
“Sempre devemos pensar em um sermão como uma construção, uma obra que, neste sentido, é comparável a uma sinfonia”.
Nosso desafio como responsáveis pela pregação dominical pesa à medida em que nos dedicamos em outras tarefas geralmente de caráter administrativo que consomem nosso tempo e energia fazendo com que deixemos para o último minuto do segundo tempo, a preparação do sermão.
Sendo pastor de uma modesta igreja localizada em uma das maiores cidades do Brasil, eu sei muito bem como a vida é corrida e cheia de obrigações.
Por isso, meu caro colega de ministério, gostaria de incendiar o seu coração com algumas dicas que vão fazer os membros da sua igreja enxergar o seu púlpito renovado pela palavra de Deus, sendo o nosso ofício, ser o pregador, podemos nos lembrar das palavras do apóstolo Paulo “Ai de mim se não pregar o evangelho” (1 Coríntios 9.16).
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Quando me converti no de 1994 ouvia constantemente a afirmação: “Fulano foi consagrado ao sagrado ministério da Palavra”, mas hoje em dia expressões assim parecem piegas, então, deixa pra lá. Vamos em frente!
Quando for preparar o seu sermão lembre-se de que está na presença de Deus antegozando a volta de Cristo para julgar e para reinar, e que este Senhor te encarregou solenemente: “Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda paciência e doutrina” (2 Timóteo 4.1-2).
Em uma época de tantas vozes é comum o ruído na comunicação, porém, no púlpito, devemos deixar bem claro que embora expressões motivacionais tenham seu tempo e espaço na comunidade, devemos tomar todo cuidado para demonstrar que a autoridade com que pregamos não é inerente, nem em nós como indivíduos, nem no nosso ofício de pastor ou pregador, mas supremamente na Palavra de Deus que expomos.
Quando agimos assim, a comunidade que pastoreamos passa a viver literalmente debaixo da autoridade das Escrituras. Segundo citação de John Stott no livro ‘Eu creio na pregação’:
“ao pregar, o homem deve conhecer a autoridade de estar debaixo da Autoridade”.
Se formos fiéis na exposição da Bíblia, seguiremos com a mesma tranquilidade dos profetas que no período do Antigo Testamento proferiam o “assim diz o Senhor”.
Muito bem, sabemos que estamos diante de Deus na preparação do nosso sermão, mas agora vamos pensar no fato de que estaremos diante da igreja na transmissão do sermão, e isso, requer alguns cuidados. Como disse Hernandes Dias Lopes no livro ‘Pregação Expositiva’:
“O sermão deve ser dividido em três componentes básicos: exposição (o que o texto diz), ilustração (demonstração do que o texto diz) e aplicação (o que o texto significa).
Bryan Chapell resume: “
As explicações preparam a mente, as ilustrações preparam o coração, e as aplicações preparam a vontade para obedecer a Deus”.
Nunca vou me esquecer do dia em que desci do púlpito após a pregação e me dirigi à porta da igreja para me despedir dos membros e uma senhora olhou nos meus olhos fixamente, apertou a minha mão e disse: “Pastor, eu amo as suas mensagens e a forma como o senhor fala, mas eu não entendo nada”.
Aquelas palavras me constrangeram ao ponto de perceber a minha responsabilidade em alimentar o rebanho do Bom Pastor.
Se a sua pregação não chegar corretamente aos ouvidos dos seus ouvintes, ela jamais descerá ao coração.
Por fim, ao preparar o sermão, estamos diante de Deus, quando formos pregar o sermão, estaremos diante da igreja e depois de pregado o sermão, estará em todo o mundo. Isso mesmo! Todo cuidado é pouco, ainda mais com o uso de meios de transmissão online.
Cuide da sua linguagem, da forma de apresentação e gestos para não transmitir uma mensagem distorcida.
Alguns pastores como John MacArthur costumam consultar suas esposas como termômetro. Olha o que ele diz no livro ‘O pastor como pregador’:
“Posso mais ou menos instruir sobre o meu desempenho na pregação a partir da reação da minha esposa quando estamos voltando para casa. Se ela me disser algo sobre o sermão ainda no estacionamento, é sinal de que me saí bem. Se atingirmos certa distância antes que ela diga alguma coisa, meu sermão foi marcado por acidentes. Se chegarmos à autoestrada sem que ela nada comente, posso deduzir que houve problemas no sermão sobre os quais ela deseja conversar. Mas se fizermos todo o percurso até a nossa casa sem que ela nada me diga, é uma indicação de que houve algo de realmente mau com meu sermão”.
Quem que em certos domingos, após a entrega de um sermão, não sentiu vontade de escrever uma carta de resignação? Você não está sozinho!
Uma resposta
Pr Luiz Brito que texto inspirador. As Palavras de Pedro ao instituir os diáconos (Atos 6.1-4), sempre vêm na minha mente quando vejo matérias com este título. Creio que aquele que foi chamado para o Ministerio da Palavra precisa de tempo; mas na falta deste, devemos sempre confiar que jamais o Espírito Santo nos abandonará. Deus ilumine as mentes e os corações dos pregadores da nossa geração. Deus abençoe.