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A Pedagogia da motivação bíblica – Outubro/2003

Há momentos na vida cristã ou no ministério,
no trabalho ou nos estudos, na família
ou nos projetos particulares,
em que somos bombardeados
por uma vontade incrível de desistir de tudo.
De sumir, de morrer.

Em meio às aflições e desencorajamento,
precisamos conhecer um pouco
sobre o que vem a ser a motivação
e seus componentes.

Motivação são todos os elementos psicológicos que levam alguém a fazer alguma coisa. Motivação (motivo em ação), segundo o dicionário Aurélio, é o conjunto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscientes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta ou o procedimento moral (bom ou mau) de um indivíduo. Geralmente esses motivos são definidos como necessidades, desejos ou impulsos, oriundos do indivíduo, que dirigem ou mantêm o comportamento voltado para o objetivo.

Para Abrahan Maslow, os motivos pelos quais agimos estão organizados em uma hierarquia de necessidades que vão desde os inferiores até os superiores. Essa hierarquia é composta das seguintes necessidades: fisiológicas (fome, sede, sono e repouso), de segurança (estabilidade, ordem), de amor (família, amizade e outras) de estima (auto-respeito, aprovação), de auto-realização (desenvolvimento de capacidade).

De acordo com Falcão, em Psicologia da Aprendizagem, a motivação pode ser intrínseca e extrínseca. Na primeira, o interesse reside na atividade em si (desempenho estimulado pelo interesse na própria tarefa – processo interno). Na extrínseca, a atividade é encarada como meio para alcançar outro objetivo, através de fatores externos que provocam a motivação, como ponto-chave para se alcançar o sucesso.

Há momentos na vida cristã ou no ministério, no trabalho ou nos estudos, na família ou nos projetos particulares, em que somos bombardeados por uma vontade incrível de desistir de tudo. De sumir, de morrer. Em meio às aflições e desencorajamento, precisamos conhecer um pouco sobre o que vem a ser a motivação e seus componentes.

Antes, porém, de Maslow, de Falcão, de Freud e tantos outros psicólogos modernos, Jesus foi quem primeiro ensinou sobre esse assunto. Interessante, Ele nunca estudou psicologia, mas como psicólogo por excelência conhece, por completo, nossas emoções, sentimentos e intenções. Seu olhar clínico é capaz de desvendar os segredos do coração do homem, dando solução para todas as angústias e pavores de sua alma.

Certa feita, momentos antes de sua crucificação, Jesus dirigiu-se aos discípulos e disse-lhes com voz forte e segura: daqui a mais alguns dias estarei partindo, vocês ficarão sozinhos e terão muitos problemas. Lembrem-se: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo (motivação), porque eu venci o mundo”, João 16: 33.

Jesus os adverte, mas, ao mesmo tempo, procura entusiasmá-los com palavras de fé e coragem. Na verdade ele estava dizendo: vocês precisam estar cheios de motivo. Vejamos que riqueza de ensinos encontramos no sentido dos verbos contidos no discurso de Jesus.

Jesus previu nossas aflições

Isto pode ser visto em sua afirmação: “tereis aflições”. O mestre estava falando sobre fatos concretos que, após sua partida, haveriam de suceder. Nesse caso, previu a perseguição romana, a morte de Tiago à espada, At 12, a perseguição de Saulo de Tarso contra a igreja do Senhor, At 9, o exilo de João na Ilha de Patmos, Ap 1, e todas as lutas e dificuldades que a igreja haveria de enfrentar.

Então, quando Jesus disse aos seus discípulos e, consequentemente, àqueles que haveriam de crer em seu nome, João 17: 20, que no mundo eles enfrentariam perseguições, lutas, problemas, desafios, crises, doenças, etc., ele estava preparando seus seguidores para esses momentos difíceis e tentando dizer que o ministério ou a vida cristã não consistiria num mar de rosas, mas num ato de fé e coragem, de abnegação e amor ao Senhor em meio às aflições.

Portanto, como homens e mulheres não precisamos nos atemorizar com os problemas que nos afligem, mas estejamos conscientes de que tudo que enfrentamos hoje já estava predito pelo Mestre antes de sua crucificação.

Jesus ordenou a motivação

A expressão “Tende bom ânimo” (o verbo está no imperativo) exprime uma ordem, e não um conselho. Este ponto é fantástico. Vejo aqui a pedagogia da motivação pregada por Jesus, porque estar animado é estar motivado por algo.

O triunfo de Jesus no calvário só aconteceu porque os motivos intrínsecos e extrínsecos o impulsionaram a vencer o martírio da cruz. Sua maior motivação foi trabalhar e fazer com prazer a vontade de seu Pai: “Meu pai trabalha até agora, eu trabalho também”, Jo 5: 17.

Trabalhar com submissão e coragem era o forte de Jesus. E ele fazia isso movido pelos objetivos propostos por Deus: Deixou o esplendor de sua glória, simplesmente para fazer a vontade de Deus e viver entre nós.

Alguém disse que a melhor maneira de se motivar é motivar outrem. Parece que essa mensagem está claramente implícita no discurso de Jesus. Não era ele quem precisava de ânimo, de coragem, de fé e de determinação para morrer na cruz? Então, o que ele faz? Procura motivar seus discípulos, encorajá-los para os momentos ruins, a fim de que recebessem motivação.

Seria como se ele pegasse Pedro ou um dos seus apóstolos pelo braço, desse um solavanco e falasse assim: Olha! Eu estou indo embora, mas nada de derrota, nada de fracasso… Filho, tenha bom ânimo, esteja sempre motivado, porque eu venci o mal. Como é bom saber que Jesus quer que estejamos motivados a cada dia.

Não se desespere, não se estresse por qualquer razão, mas tenha sempre em mente que uma pessoa motivada não desiste facilmente, porque possui em suas mãos uma arma poderosa.

Jesus proclamou nossa vitória

Esse fato pode ser visto no último verbo que denota uma ação passada: “eu venci”. Quer dizer: vós vencestes comigo a guerra do calvário; vós ressuscitastes comigo ao terceiro dia; juntos descemos ao abismo e tomamos as chaves do inferno das mãos de Satanás. Vencemos para sempre!

Jesus está dizendo: a vitória é sua… Erga a cabeça e prossiga em frente. Não retroceda em momento algum. Eu, disse Jesus, já decretei o triunfo de minha igreja ao vencer a morte. Levante-se, desprenda-se e tome posse dos remos e navegue com fé e disposição.

O apóstolo Paulo ponderou os ensinos de Jesus a este respeito e confirmou a realidade da vitória proclamada por ele, antes mesmo de sua morte na cruz: “Bendito seja Deus e pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou (ação passada) com toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus”, Ef 1: 3.

A bênção do triunfo sobre a nossa vida já está decretada por Jesus. Ele a promulgou publicamente com o sangue vertido no calvário. Por isso, somos mais que vencedores em Cristo Jesus, Rm 8: 37.

Para refletir e agir

Gostaria de encerrar com estas palavras: “Toda manhã, na África, uma gazela acorda. Ela sabe que precisa correr mais rápido do que o mais rápido leão ou morrerá. Toda manhã, na África, um leão acorda. Ele sabe que precisa ultrapassar a velocidade da gazela mais lenta ou morrerá de fome. Não importa se você é um leão ou uma gazela. Quando o sol nascer, é melhor você estar correndo.”

Em outras palavras, é melhor você estar lutando, trabalhando, estudando, caminhando e prosseguindo em frente, a fim de que todos os seus sonhos sejam concretizados. Seja sempre uma pessoa motivada!

………………….

Fonte: Jornal Aleluia, outubro de 2003

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