Aqueles que nunca ouviram
o evangelho serão salvos?
Quem nunca fez uma destas perguntas: “os que jamais ouviram o Evangelho estão perdidos?”; ou então “os índios vão ser salvos?”.
Em nossas escolas bíblicas dominicais, ou nas conversas sobre evangelismo e missões, sempre surgem dúvidas como essas.
Normalmente nossas respostas são muito evasivas, se é que temos alguma. Não refletimos sequer nas implicações que elas possam vir a ter.
Teólogos, pastores e seminaristas fazem a mesma indagação e procuram investigar o assunto sob uma perspectiva bíblica, teológica e filosófica.
A globalização, o pluralismo religioso, a extrema valorização da religiosidade de cada povo como fenômeno cultural, o crescente contato entre os povos e o intercâmbio entre pessoas de diversas culturas vêm fazendo surgir diferentes respostas quanto à salvação dos que nunca ouviram a pregação do Evangelho. Na prática, parece que a mentalidade moderna não admite mais a concepção de que só o Cristianismo têm a resposta única para a salvação humana. Nosso sentimentalismo e todas as influências da globalização nos impedem que afirmemos que os budistas, os muçulmanos, ou os índios, para citar alguns exemplos, que nunca ouviram sobre Jesus, e, portanto, não crêem n’Ele, estão indo para o inferno. Preferimos ignorar o assunto, ou então, bem lá dentro de nós, cremos que, no final, Deus vai dar um “jeitinho”.
A afirmação da singularidade de Cristo como Salvador do mundo, ou seja, dizer que só Jesus salva, é um tema que vem sendo largamente discutido nos Estados Unidos. Diferentes livros sobre o assunto estão sendo publicados. No Brasil, ainda não temos discutido amplamente essa temática, mas mesmo inconscientemente, e sem o necessário debate, possuímos nossas idéias e respostas. Alguns pastores que andaram pesquisando o pensamento de membros de suas igrejas sobre isso se assustaram ao perceber que a maioria dos crentes não achava que a pregação do Evangelho aos povos não-alcançados fosse essencial porque, de alguma forma, Deus iria salvá-los, mesmo sem a ajuda de missionários humanos. Já pensou nas implicações disso para missões?
O tema está sendo discutido no Brasil nos meios teológicos por causa de sua grande relevância. Afirmar, ou então negar, a singularidade de Cristo como Salvador, têm implicações para diversos aspectos da fé cristã, indo a soteriologia (doutrina da salvação) à missiologia (estudo de missões). Como subsídio para a discussão do assunto, a Editora Aleluia lançou um livro sobre o tema. Chama-se E Aqueles que Nunca Ouviram? Três pontos de vista sobre o destino dos não-evangelizados.
As respostas
Alguns teólogos acreditam que mesmo aquelas pessoas que nunca ouviram o evangelho podem ser salvas. Se, através da criação – revelação geral – vierem a crer em Deus, ainda que não conheçam a Jesus, serão redimidas de seus pecados. Dizem que qualquer religião pode ser um instrumento útil para aproximar a pessoa de Deus. Isso é chamado de “inclusivismo”, porque Deus inclui todos em sua graça, antes de excluí-las no julgamento. Mas a fundamentação bíblica desse ponto de vista é muito questionável.
Outros dizem que ninguém será salvo com base no conhecimento que possam ter de Deus através da natureza. No entanto, chegam ao absurdo de afirmar que, logo após a morte, aqueles que nunca ouviram o Evangelho terão uma oportunidade de dizer “sim” ou “não” a Jesus. Deus concederá a todos os homens a chance de ouvir o evangelho e optar, ou não, pela redenção trazida por Jesus. Tomam por base alguns textos difíceis de 1 Pedro (como o cap. 3: 18ss). Dão ao seu ponto de vista o nome de “perseverança divina” ou “evangelismo post-mortem”
Há também os teólogos que ensinam não haver qualquer oportunidade de salvação para o homem, se não existir conhecimento de Cristo e uma resposta pessoal e consciente ao seu chamado. Essa posição é conhecida como “exclusivismo”; às vezes também “restritivismo”. Para que alguém seja salvo, é fundamental ouvir o Evangelho nesta vida e fazer uma decisão por Jesus. Essa é a interpretação que mais parece se afinar ao ensino geral das Escrituras Sagradas.
Os três pontos de vista mencionados aqui – inclusivismo, perseverança divina e restritivismo – são amplamente discutidos na obra E aqueles que nunca ouviram? Três pontos de vista sobre o destino dos não-evangelizados, que a Editora Aleluia publicou. O livro foi escrito por três professores de teologia norte-americanos. É em forma de debate. Cada autor expõe seu ponto de vista e, depois, seu pensamento é avaliado e criticado em duas réplicas escritas pelos co-autores.
A linguagem do livro é clara, com excelente fundamentação. Originalmente foi publicado em inglês pela Inter Varsity Press. A leitura dessa obra irá ajudar todos os que sempre buscaram resposta para a pergunta: “o que vai acontecer aos que jamais ouviram a pregação do Evangelho?”.
……………………
Fonte: Jornal Aleluia 232