Como homens e mulheres
de Deus desta geração, estamos
perante o desafio de levarmos
a igreja a uma realidade que faça frente
à atual forma de vivência humana
e social
Como ministros e líderes cristãos deste tempo de possibilidades e de desafios ministeriais, somos levados a nos conscientizar de que vivemos uma época de uma revolução de conceitos e valores, de mudanças abrangentes e profundas tais que ainda não tomamos ampla consciência de sua exata a dimensão.
Cabe-nos velar para que, no cenário de uma globalização crescente, as conquistas da igreja não se restrinjam a simples questão de ser apenas mais uma organização religiosa. E sim um organismo vivo que gere transformações profundas e intensas na evolução da nossa sociedade.
A chamada globalização tem-nos deixado em um mundo sem fronteiras, todavia a dolorosa verdade é que, junto com as fronteiras das nações, caem os principais valores éticos, morais e espirituais que foram estabelecidos por Deus para reger a vida do homem na face da terra.
Considero que, quanto mais o homem se fechar no seu indiferentismo e no individualismo do seu mundo de solidão, mais ele se descobrirá carente e necessitado do conhecimento de Deus e da salvação pela graça em Jesus Cristo.
Os fatos que se apresentam têm condenado homens e mulheres a viver em uma sociedade cada vez mais individualizada, quase intransponível. Porém cada vez mais necessitados da revelação do amor de Deus que sempre será a resposta para os mais profundos anseios humanos.
Perante este novo quadro de fenômenos como a globalização, sobretudo a que é imposta aos menos favorecidos e carentes, que sofrem sem uma verdadeira opção ou orientação que norteie suas vidas perante essa nova realidade, a pergunta que fica para os futuros ministros do evangelho é: como a igreja se comportará? Que tipo de ministério deverá ser exercido?
São dúvidas que nos desafiam a sermos criteriosos e nos tornarmos em obreiros de maior valor e que busquem o resgate do homem da era digital.
A graça de Deus, que é a solução para a humanidade, e sobretudo a salvação, terá de se revelar pela dedicação de homens e mulheres valorosos que tenham o propósito de combater forças escravizadoras, inimigos que não se podem ver, mas que criam crises e instabilidade na família e em comunidades inteiras.
O valor do ministro
O valor de um homem de Deus é dimensionado não apenas pelo seu discurso, mas principalmente por sua espiritualidade e aplicação dos princípios de Deus em sua própria vida. Nós vivemos em dias de profundas transformações e as necessidades humanas se tornam ainda mais prementes diante dos falsos ensinos, do materialismo, do consumismo desenfreado, da exploração pelos poderosos, da falsa segurança representada por uma vivência de pura aparência e, sobretudo, por uma religiosidade formal.
A igreja é desafiada frente ao descompromisso e o esfriamento da fé e do amor como cumprimento do tempo do fim. Faz-se necessário um comprometimento ainda maior, uma dedicação ainda mais sacrificial. É preciso ser destemido e fazer cumprir a chamada ministerial perante tamanhos desafios.
Uma experiência passada, por mais válida que tenha sido, por mais consistente que tenha parecido, por si só não será suficiente perante tão grande desafio da modernidade.
Para avançar e manter-se na vocação de Deus, é necessário que sejamos homens e mulheres de visão, de compromisso com a verdade e de percepção espiritual na atuação ministerial, neste cenário de mutações constantes, sob pena de se tornar evasivo o nosso ministério.
Em muitos casos serão dispensáveis a liturgia e os rituais. O que é imprescindível é a consistência dos princípios de fidelidade a Deus e ao ministério. Como bem expressou o apóstolo Paulo em Colossenses 4:17: “Cuida do ministério que recebestes do Senhor, para o cumprires”.
Como ministros devemos ser arautos e precursores de uma realidade, onde se valorizem os princípios e não os ritos. O ministério deve ser cumprido com entusiasmo, fé e amor ao chamado. Devemos fazer com que a salvação e a Justiça de Deus se estabeleçam tanto nos palácios dos mais abastados quanto nas choupanas dos desafortunados.
Que possamos entender que para cuidar do essencial é preciso muitas vezes despir-se do secundário. Para se fortalecer é necessário despojar-se do que seja apenas acessório, do que seja somente rito ou liturgia religiosa, porém jamais dos princípios fundamentais que norteiam a fé cristã.
Como igreja devemos escancarar as portas do Reino dos Céus a esta geração, levando aos lares, às ruas e praças a verdadeira mensagem da redenção. Um ministério direcionado a gerar transformação de vidas e não apenas mudanças ocasionais.
Afinal, como vaticinou o apóstolo em Romanos 1: 16: “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”.
As múltiplas abrangências
de nosso ministério
01) Vivemos em tempos de uma revolução de conceitos e valores, de mudanças abrangentes e profundas tais que ainda não tomamos ampla consciência de sua exata a dimensão.
02) Diante disso, não se restrinja a ser apenas mais uma organização religiosa. Faça de sua Igreja um organismo vivo que gere transformações profundas e intensas na evolução da nossa sociedade.
03) O quadro social e moral escravizador que a globalização nos impõe não é maior que a graça de Deus, que é a solução para a humanidade e terá de se revelar pela dedicação de homens e mulheres valorosos, que usem mais que rituais ou liturgias, mas firmem-se na verdade, na fé, nos princípios, na esperança e na certeza da ação libertadora e transformadora do Senhor.
………………
Fonte: Jornal Aleluia, fevereiro de 2003