Neste estudo, vamos recordar o que ocorreu com um pai muito conhecido e famoso, nada menos que o rei Davi.
Se, por um lado, encontramos na biografia desse eminente chefe de Estado muitos exemplos positivos, por outro, na qualidade de chefe de um lar, encontramos pontos negativos que serão alvo de análise a seguir, não com outra intenção senão a de ajudar a todos os pais para que não venham ter o triste final que teve o Rei Davi.
Quantas vezes, bons profissionais, pessoas de bem, despertam nossa atenção pelo seu sucesso e renome. Homens bem-sucedidos na advocacia, engenharia, medicina, agricultura, enfim, em todos os ramos, até mesmo no ministério, um bom pastor, presbítero, diácono ou líder em geral, são por vezes um PAI falho, que acabam deixando a desejar na área da educação de um filho.
Isso ocorre por desinformação, negligência, imprudência ou mesmo por força de um passado mal vivido, na qualidade de chefe do lar.
Pais atentos aos seus filhos têm a percepção do mal assediando sua família
O episódio que vamos analisar ocorreu nos finais do reinado de Davi, quando seus filhos já estavam moços. Após Absalão retornar para Jerusalém e ser admitido à presença do rei, promoveu uma revolta militar contra seu pai e o obrigou a fugir para continuar vivo, 2Samuel 14 e 15.
Há pais que não percebem que a puberdade do filho ou filha já chegou, mas é preciso estar atento aos conflitos advindos desta nobre época, fase em que precisam de muita ajuda. Vejamos algumas falhas de Davi nesse aspecto:
1) Amnom ficou doente em razão dos problemas sexuais que atingiam sua mente. Davi, o pai, nem notou – deu a filha Tamar de mão beijada para Amnom, 2 Sm 13: 6-7. Davi deveria estranhar, ao menos perguntar, “por que tua irmã?”, “tenho vários cozinheiros que estão à tua disposição”, não o fez, e nem teve a percepção do mal armado no coração e mente do próprio filho.
2) Outra falta de percepção de Davi está registrada nos versículos 23-27 do cap.13. A ideia de que ‘o tempo cura tudo’ aqui não funcionou porque, depois de dois anos, Absalão pede para o pai deixar seu irmão ir com ele ao campo. As intenções não eram das melhores. Davi deveria conhecer a história de José e seus irmãos, quando seu pai Jacó mandou José ao encontro de seus irmãos, que estavam cheios ódio, Gn 37: 4. O amigo de Amnom, Jonadabe, insinua a Davi que todos sabiam da decisão de Absalão, v. 32.
3) Consumado o crime, a Davi só restava chorar, lamentar e se humilhar pelo erro cometido, 2Samuel 13: 31 e 36.
Pais educadores assumem a responsabilidade em relação aos filhos
Não era Absalão, embora sendo o irmão mais velho, quem deveria cuidar do problema de Amnom e Tamar, mas sim Davi, quem deveria chamá-los e tratar do assunto em família. A Bíblia, porém, nos diz que ele só irou-se, 2 Sm 13: 21.
Nem era Talmai, o avô de Absalão, que deveria cuidar do neto, ainda que exista uma relação íntima dos avós, esta função cabe aos pais, 2 Sm 13: 37. Até Joabe acaba por fazer alguma coisa, tentando resolver o problema, 2Sm 14: 1ss. Ele entende que o pai Davi estava muito acomodado.
Não é a igreja, o pastor, a escola dominical ou qualquer pessoa ou órgão que tem o dever de cuidar de nossos filhos. Lamentavelmente, hoje, como fruto da tecnologia avançada, temos a babá eletrônica, a TV, responsável no cuidado de nossos filhos.
Pais amorosos não reagem apenas com o coração ou emoção, mas também com a razão
Como reagiu Davi:
1) Apenas irou-se com o incesto de Amnom e Tamar, 2Sm 13: 21.
2) Apenas chorou com a morte de Amnom 2Sm 13: 37. Nessa hora, “as lágrimas não substituem o suor que devemos verter em benefício da felicidade”.
3) Apenas beijou seu filho Absalão, 2Sm 14: 33, quando deveria ao menos aplicar disciplinas, chamar-lhe a atenção, exortá-lo… Não, ele simplesmente beija-o! O tempo consolou Davi, 13: 39, ao contrário de Absalão que, quanto mais os dias se passavam, mais ódio abrigava em seu coração contra Amnom, 13: 22, 23, e contra o pai (cap. 15). Esse ódio avolumou-se tanto que, primeiro, levou-o a matar o próprio irmão e, segundo, tirou o pai da própria casa.
O que faltou a Davi foi justamente enxergar os problemas familiares. Nem sempre devemos agir sobre a influência de nossas emoções. Precisamos também racionalizar, ou seja, agir com a razão, principalmente em relação às questões da personalidade e formação de nossos filhos.
O próprio Adonias, 1Rs 1: 5-9, usurpou o trono, acreditando na fragilidade que tinha seu pai. Diz o texto: “jamais seu pai o contrariou”.
Psiquiatras e conselheiros de família nos advertem que prejudicamos nossos filhos, se formos muito condescendentes e esperarmos muito pouco deles. As crianças cujos pais dizem que as amam demais, evitando castigá-las, são como carros que descem uma rua sem obedecer aos sinais de tráfego e sem freio. Confusas e espantadas, essas crianças ou adolescentes podem afrontar seus pais com atitudes cada vez piores, abusando de sua liberalidade. Talvez pensem: “Se formos muito longe errando, alguém vai tentar nos brecar?”
Pais convertidos aos filhos aproveitam o máximo do tempo para estar ao lado deles
Amnom tinha um Rei que vinha vê-lo, mas não tinha um Pai para conversar. É triste, mas é a pura realidade de hoje, quando os pais são meras visitas dentro de casa. Assim era Davi. “Vindo o rei visitá-lo”, 13: 6.
Não recuse o convite de seu filho. Quando adultos, nossos filhos dificilmente nos envolvem em seus negócios, a não ser quando precisam de um dinheirinho. Mas, quando crianças, isso ocorre com frequência. É imprescindível que os pais aceitem, quando eles o fazem. Davi não aproveitou a oportunidade que Absalão lhe ofertou, 2Sm 13: 24-25.
Quando Davi se apercebeu, já era muito tarde. Veja o que aconteceu:
1) Tamar fora estuprada;
2) Amnom fora morto;
3) Absalão, rebelado, acabou também morto;
4) Adonias, não respeitando o Rei, que ainda vivia, tenta usurpar o trono.
Não deixe ficar tarde demais para dedicar tempo aos seus filhos. Se não fizer assim, você corre o risco de vir a chorar e a lamentar-se por não ter agido corretamente no tempo certo. Foi o que ocorreu com Davi, 2Sm 13: 36, 37; 18: 33; 19: 4.
No caso de dificuldade entre o casal, antes de pensar em separação, divórcio ou em si mesmo, pense nos filhos. Procure uma orientação segura a este respeito. O pastor Cícero Bartolomeu, em seu livro A Família Feliz, da Editora Aleluia, afirma:
“… casamentos são desfeitos e quantos outros ainda estão à beira da falência? Já observou como existem lares arruinados? Pensou em quantas crianças estão vivendo longe de seus pais? Onde estão os castelos e sonhos? Onde estão as juras de amor? Onde estão as promessas que fizeram diante do altar?”.
Conclusão
Vivemos em época difícil para a educação de filhos. Mas não podemos nos esquecer de que temos a Palavra de Deus que nos orienta, guia e aconselha nas áreas de dificuldades entre pais e filhos, Sl 32: 8. As barreiras de relacionamento, diálogo, demonstração de amor, carinho e afeto dentro da família podem ser destruídas através da prática dos princípios estabelecidos na Bíblia para um lar. Deus é amor, e esse amor é o grande segredo para a verdadeira felicidade.