Abordar o tema da motivação pastoral
no começo de um ano eclesiástico seria,
para todos os efeitos, um momento
muito oportuno, porque, todos precisamos
estar animados
para cumprirmos, com desvelo e responsabilidade,
qualquer tipo de atividade,
especialmente a pastoral
O pastor, mais do que ninguém, necessita ser um verdadeiro motivador, porque ele trabalha diretamente com gente. Gente que sofre, que enfrenta desafios e que precisa sempre de uma palavra encorajadora. Para tanto, o pastor precisa estar sempre motivado.
Motivação, de uma maneira prática, pode ser definida como todo motivo que leva alguém a fazer alguma coisa. Geralmente esses motivos são definidos como necessidades, desejos ou impulsos, oriundos do indivíduo, que dirigem ou mantêm o comportamento voltado para o objetivo.
A motivação pode ser intrínseca e extrínseca. Na primeira, o interesse reside na atividade em si (desempenho estimulado pelo interesse na própria tarefa – processo interno). Na extrínseca, a atividade é encarada como meio para alcançar outro objetivo, por meio de fatores externos que provocam a motivação.
Portanto, um obreiro (qualquer pessoa) – intrínseca e extrinsecamente motivado – tem todas as possibilidades para realizar um ministério a contento, ainda que em meio às provações e perseguições. Para isto, vamos considerar alguns aspectos importantes que podem servir como pilares, para que a motivação seja uma constante no pastorado.
CONVICÇÃO DO CHAMADO
Segundo James M. George, “o chamado de Deus para o ministério vocacional é diferente do chamado à salvação e do chamado que atinge a todos os crentes: o serviço. Trata-se de uma convocação de homens selecionados para servir como líderes da igreja. Os destinatários desse chamado precisam ter a certeza de que Deus assim os escolhe para liderar”.
Neste aspecto, a convicção do chamado divino é a mola propulsora de todo o ministério eficaz, ou seja, por maiores que sejam os desafios ou embates ministeriais, aquele que é chamado para uma obra específica será sempre amparado por suas convicções ministeriais. O axioma de que foi chamado por Deus é que produz segurança ao pastor, o que resulta na motivação intrínseca.
Diante das vicissitudes e intempéries da labuta ministerial, somente a convicção de que realmente foi escolhido por Deus pode fazer com que o ministro triunfe em glória, transpondo barreiras e galgando alvos desejados. O pastor precisa acreditar em seu ministério, pois somente assim ele será capaz de confiar no autor desse chamado – Deus.
Quando esta convicção ou certeza faltar no coração do obreiro, ainda que todos se coloquem ao seu lado, ele pode estar certo de que o desânimo soará como prenúncio de uma possível crise ministerial. Contudo, quando cremos piamente na convocação divina, mesmo que todos se levantem contra nós, continuamos firmes e inabaláveis, preparando a noiva (a igreja) para se encontrar com o Noivo.
COMPROMISSO COM DEUS
A maior alegria do pastor é saber que labuta a favor da causa do soberano Deus do Universo. Quer dizer, ele não é um empregado dos homens, mas um servo do Deus altíssimo. Paulo expressa esta verdade, quando afirma: ¨Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus¨, Rm 1: 1. Ele estava certo de que o seu compromisso era, antes de qualquer coisa, com Deus.
Por isso, o pastor não deve se comprometer com os anseios políticos, religiosos e econômicos, mas com a nobre causa do evangelho. Ele é embaixador de Jesus na terra. É propagador da maior, mais nobre e melhor causa na face da terra. Ele ocupa uma posição aspirada por muitos, mas que está reservada apenas àqueles que são chamados e comprometidos com Deus.
Parece simples, mas a sua função é de grande e extrema responsabilidade. Só para se ter uma idéia, certo homem disse: “Se um médico errar, ele pode matar o corpo, porém, se o pastor errar, ele pode matar a alma. Um médico pode mandar o corpo para o cemitério, mas o pastor pode mandar a alma para o inferno.” Esse compromisso implica responsabilidade, amor e dedicação à obra do Senhor.
O comprometimento é um grande motivo no desempenho de suas responsabilidades ministeriais, uma vez que Deus confiou aos seus cuidados as suas ovelhas: ¨Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a ele, porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas, para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil¨, 13: 17.
COOPERAÇÃO DIVINA
Depender de Deus é a máxima do pastorado, isto é, o obreiro precisa estar certo de que o Deus que o chamou é o mesmo que irá cooperar com ele em suas atividades e sustento. Deus chama e capacita àqueles que Ele separou para o ministério ou pastorado. Não há nenhum perigo em alguém aceitar a chamada divina e pensar na possibilidade de não poder contar com a Sua ajuda. Deus se responsabiliza por aqueles que aceitaram o seu chamado.
Charles Bridges afirmou: ”. “A labuta no escuro, sem uma comissão segura, tolda em muito a garantia da fé nos compromissos divinos; e o ministro, incapaz de se valer do apoio celestial, sente em seu trabalho as mãos caídas e os joelhos fracos. Por outro lado, a confiança de que está agindo em obediência ao chamado de Deus e de que Ele está em seu trabalho e em seu caminho, encoraja-o nas dificuldades, conscientizando-o das obrigações pelas quais deve responder com forças onipotentes
Moisés sentiu isto em sua própria pele, quando, de maneira contundente, suplicou a Deus que estivesse com ele na condução do povo à terra prometida: ¨Agora pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que agora me faças saber o teu caminho , e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos: e atenta que esta nação é o teu povo¨, Ex 33: 13. E a resposta de Deus foi positiva: ¨Irá a minha presença contigo para te fazer descansar¨.
Esta narrativa ensina que Deus estará sempre disposto a auxiliar, a socorrer e a conceder vitórias àquele que é fiel à chamada divina. Sem a presença Dele não vamos a lugar nenhum. Com ele venceremos os gigantes, tiraremos água da rocha, as portas se abrirão e o maná celestial nunca faltará à nossa mesa. Para Deus não há crise, os céus não se cerram e o azeite da botija jamais se acabará, 2Rs 4: 6.
Concluindo, gostaria de fazer uso das palavras de Alex D. Montoya, ao falar sobre liderança: “como o líder pode motivar? Sendo ele mesmo a chave da motivação – sua integridade, sua habilidade, seu conhecimento do que deve ser feito e seu exemplo representam aspectos básicos para a motivação”. Evidentemente, nada mais motiva às pessoas do que um líder (pastor) animado e corajoso. Se o pastor conseguir se manter motivado, o entusiasmo dele vai influenciar outras pessoas.
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Fonte: Jornal Aleluia de junho de 2008