“Em meu peito renovado” (Parte 2): Um coração trinitário

Jesus Cristo revela Deus como três pessoas. Em sua relação com o Pai e com o Espírito percebemos que são distintas, mas em plena e amorosa comunhão. Todas as confissões cristãs que reconhecem essa revelação, apresentam Deus da mesma maneira. Em outras palavras, são trinitárias. 

Pessoas com o “peito renovado” e com a “vida renovada” não podem esquecer-se dessa compreensão de Deus. Esse “esquecimento” pode nos  tornar seguidores de um modismo ou de um mero movimento religioso com discurso adequado à fé cristã mas sem compromisso com a transformação das pessoas e de sua realidade. Nosso desafio é testemunhar as relações entre a fé trinitária e a “vida renovada”? 

A confissão trinitária não é apenas um jeito de apresentar teorias sobre Deus, que sejam irrelevantes e desconectadas da realidade. Trata-se, no entanto, de um modo de vida à luz da pessoa de Jesus e da livre ação do Consolador. Ela é, na prática e na teoria, o coração da fé cristã. 

Os primeiros cristão e cristãs, com seus “peitos renovados”, enfrentavam vários desafios para discipular, organizar suas celebrações e testemunhar sua fé em Deus, orientadas pelo ministério de Jesus Cristo. Nós também compartilhamos esses desafios: a formação dos novos convertidos, a organização do culto e o trabalho de missões. 

Cada dia que se passava a Igreja que vivia intensamente a presença do Espírito estava mais convencida daquilo que é fundamental para a fé. Desde os novos convertidos: a obra de salvação deveria ser vista como resultado da graça de um Deus que não estava distante da nossa história ou do nosso cotidiano. O Deus revelado em Jesus não era um rei solitário, mas poderia ser melhor compreendido, por exemplo, como uma família unida e amorosa. Dessa forma esses novos convertidos aprendiam a orientar suas vidas inspirados na vida em comunidade, na partilha e na solidariedade. O discipulado deve se fundamentar na vida trinitária! 

E nas nossas reuniões, ou seja, nos nossos cultos, o que devemos apresentar sobre Deus para que essa ocasião seja identificada como sendo celebração cristã? A compreensão trinitária deve ficar muito clara. Qualquer pessoa que participe de um culto “renovado”, mesmo que seja uma única vez, deve saber que a salvação é um ato de amor operado pela maravilhosa “comunidade trinitária” tal como apresentada por Jesus. Isso significa, por exemplo, que desde a escolha dos cânticos, na ministração da palavra e nas orações devemos nos preocupar em apresentar as três pessoas: o culto deve ser ao Pai, pelo Filho e no poder do Espírito com igual intensidade. Um não é superior ao outro e, dessa mesma forma, deve ser a vida da igreja. Um culto que só fala do Filho ou somente do Espírito testemunhará o individualismo! A liturgia deve se fundamentar na vida trinitária! 

O trabalho de missões traz um desafio especial: Como devemos apresentar Deus? O cuidado recai sobre o perigo de se apresentar apenas o Filho, deixando o Pai como um velhinho bondoso, mas distante e o Espírito como um mero participante cuja função seja somente sensibilizar as pessoas. As pessoas precisam compreender Deus a partir da noção de “comunidade” e não de “individualidade”. O desafio se estende ao fato de que sempre será preciso procurar formas de linguagem mais adequadas e compreensíveis. É preciso mostrar Deus próximo e sensível à realidade das pessoas. As missões devem ser fundamentadas na vida trinitária! 

A comunidade de pessoas com o “peito renovado” será acolhedora como o Pai, obediente como o Filho e consoladora como Espírito. Os nossos cultos são momentos de comunhão com essas três pessoas, de tal maneira que vivamos essa mesma unidade entre nós. Os nossos discípulos e discípulas devem ser ensinados a viverem uma fé que promove a partilha e a solidariedade, tal como percebemos no testemunho do Deus trino. As pessoas, para as quais nós levamos o testemunho de nossa fé, devem ser capazes de identificar, em nossa esperança, a confiança de que não falamos do amor apenas como uma ideia agradável. A fé trinitária é, porque assim também é o próprio Deus, uma maravilhosa experiência do amor como modo de vida. 

O “peito renovado” já demonstrou que não é “modismo” ou “movimento” religioso. Jamais será apenas presbiteriano, batista, metodista ou de qualquer denominação, é “Obra Santa”. A afirmação de nossa identidade passa pelo reconhecimento de que somos muitos, variados e  convergimos naquilo que nos une: em nosso “peito renovado” bate um coração “trinitário”!

Ninguém detém! Aleluia! É obra santa!

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