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“Em meu peito renovado…”

“… meu peito renovado / arde o fogo do Senhor”… (Parte 1)

Ouvimos e cantamos essas estrofes há quase 5 décadas. No meu caso, desde meus 14 anos de idade. Em vários momentos da minha caminhada na vida cristã já fiz uma pergunta básica: “Afinal o que significa ter um “peito renovado” no meu dia-a-dia. Eu já poderia resumir dizendo que me surpreendo com o grande número de respostas que dou para mim mesmo. O fato é que, na medida que fui crescendo, descobri que o “peito renovado” pode ter vários, novos e surpreendentes sentidos. 

Minha opção por sentidos se dá porque considero que a renovação afeta todas as dimensões. Poderíamos falar em um corpo renovado, uma audição renovada, um olhar renovado, um ouvido renovado, uma visão renovada e, por conseguinte, uma cultura renovada ou um modo de vida. Mas, afinal, como é que eu sei e sinto que “esse ou aquele” sentido seja uma “experiência” genuinamente “renovada”? 

Aprendi, também, no dia-a-dia da igreja, que no “peito renovado”, “arde o fogo do Senhor”! E quando esse fogo arde a gente fica cheio de um “fervor” e um “ardor”, um calor e uma força tão intensos, que nos percebemos capazes de vencer qualquer “satã”: da inveja, da deslealdade e tantos outros “opositores” que se nos apresentam de muitas outras maneiras. Nos encontramos capazes de vencer, até mesmo, o “mundo todo”: da desigualdade, das injustiças e dos descasos. É nesse momento que a gente grita, mesmo que somente no íntimo do “peito renovado”, “ninguém detém, aleluia é obra santa”.

Nada que consigamos encontrar em manuais acadêmicos, que nos transmitem a sensação de segurança, até o momento em que nos deparamos com uma enfermidade, uma tribulação ou mesmo um casamento desfacelado. Também não nos supre os argumentos apresentados  em palestras de algum influenciador do meio gospel que, o máximo que conhece da realidade se limita ao que consegue perceber no caminho que, raramente, faz até a padaria perto do lugar onde mora.

Ter o “peito renovado” precisa ser algo mais do que apenas ter ideias sobre o Espírito Santo ou sobre a aparência externa de uma espiritualidade renovada. Aliás, essa “espiritualidade renovada” é o ponto no qual podemos nos deter e, a partir do qual, podemos repensar nossos desafios. O “peito renovado” é, para experiência, um modo de vida e, para reflexão teológica, um jeito especial de produzir novos saberes relacionados à fé cristã. Essa fé cristã, desde os nossos primeiros irmãos e irmãs, consolidaram um referencial capaz de reunir suas experiências e os saberes: a vida trinitária.

A espiritualidade renovada é, portanto, fundamentalmente, uma espiritualidade “trinitária” e é, principalmente nesse aspecto, que revela a força da vida em comunidade. A mais rápida experiência de conhecermos nossas igrejas renovadas espalhadas pelo Brasil faz ficar claro que somos muitas e diversas com “peitos renovados”! Lembremo-nos de que, além dos presbiterianos, várias outras comunidades também se identificam como sendo daqueles cujos peitos também sejam renovados. 

Hoje em dia, ao refletir sobre o “meu peito renovado”, percebo também que é nessa típica vida em comunidade que essa “igreja adornada de pureza e esplendor”, aguarda para “entrar nas bodas”. Esse “adornos”, que também podemos entender como as “marcas” de uma comunidade que guarda a “pureza” do evangelho, sem se preocupar em acrescentar-lhe qualquer outro “enfeite” que lhe permita adequar-se ao que o mundo considera como “belo”, mas que, à luz do mesmo evangelho, identificam-se como a injustiça, indiferença e desigualdade. 

Já “esplendor” que irradia, ao mundo todo, a verdadeira beleza do Cristo glorificado e vencedor, mas não oculta a imagem do nazareno com os pés sujos, suado, sem lugar para dormir e participando em festas de todo tipo de gente. E também o esplendor do Espírito que é derramado, igualmente, sobre mulheres e homens, acabando com qualquer justificativa para as desigualdades. E o esplendor do Pai, criador e sustentador de todas as coisas, inclusive de toda a natureza com a qual estamos integrados e pela qual, como cuidadores, somos responsáveis em assegurar que as futuras gerações tenham a alegria experienciar.

“O peito renovado” sempre criará novas expectativas para o futuro dessa comunidade. Ela, a comunidade dos “peitos renovados”, é a comunidade que “aguarda entrar nas bodas” faz uma opção clara por uma “espera ativa e dinâmica”. Ela celebra continuamente sua comunhão e também trabalha com “vigilância e destemor”! Sempre atenta e destemidamente capaz de assumir sua postura profética frente aos descasos com a santidade e com a injustiça. Por seu dinamismo ela aguarda e não espera passivamente, mas trabalha e trabalha muito porque sabe que nas “bodas”, isto é, nas festas do reino de Deus, haverá sempre lugar e farta alimentação para quem queira viver com “reverência” e também com “muito amor”.

Ter o “peito renovado” é reconhecer um modo de viver e fazer teologia. É uma condição que nos permite sentir o “vento impetuoso” que sopra onde e como quer, sempre trazendo novidades, mas também contínuo discernimento daquilo que realmente pode ser vivido como uma “obra santa”. “Vento impetuoso” que intensifica e espalha o “fogo abrasador”, que nos purifica e nos faz luzeiros para tantas pessoas que ainda viveram o “suave amor”.

Ninguém detém! Aleluia! É obra santa!

Comentários

3 respostas

  1. Em meu peito renovado arde o fogo do Senhor, é a benção do Espírito, nus enchendo de fervor. Parabéns Pr. Gilmar, o senhor é uma benção, na igreja Presbiteriana Renovada…

  2. Parabéns Pr. Gilmar por essa reflexão profunda e importantíssima para o nosso entendimento do que realmente é ser renovado. Que nós e nossas comunidades possamos entender e viver a cada dia o Peito Renovado em todos os aspectos de nossa vivencia e teologia.

  3. Pr Gilmar além de ser um pensador que temos em nossa denominação, também um de vida simples, humilde e muito amigo.
    “Em meu peito renovado” nos fez relembrar os tempos de grandes ajuntamentos do povo renovado no Paraná, São Paulo e outros estados de nosso Brasil.
    Parabéns querido Pr Gilmar. Obrigado por essa bênção.

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